Governadora petista do Rio Grande do Norte não tem adversários

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Foto: José Aldenir/The News2/Folhapress

Se as eleições fossem hoje, a governadora Fátima Bezerra (PT) poderia ser reeleita no Rio Grande do Norte por W.O. As lideranças de oposição estão batendo cabeça para montar uma chapa competitiva para enfrentar a governadora.

No cenário atual, mesmo tendo no Estado os ministros Fábio Faria (PP), das Comunicações, e Rogério Marinho (PL), do Desenvolvimento Regional, o presidente Jair Bolsonaro não tem ainda um candidato a governador definido.

A petista faz um mandato popular, mesmo sem grandes obras. A gestão foi marcada pela paz com sindicatos no Estado, com quem seu antecessor, o ex-governador Robinson Faria (PL), pai de Fábio Faria, teve uma relação muito conflituosa.

Com as oligarquias Alves e Maia derrotadas nas urnas em 2018, o nome com maior densidade eleitoral para enfrentar a governadora seria o do prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB), que é seu opositor declarado e apoiou o ex-governador paulista João Doria na prévia presidencial do PSDB. No entanto, diante da divisão interna no partido, que majoritariamente está na base aliada do governo estadual, Dias não quis a missão.

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, tentou ainda encorajar o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Ezequiel Ferreira (PSDB) a sair candidato, mas sem sucesso.

O deputado Benes Leocádio (União Brasil), que originalmente era o nome apoiado por Marinho e Faria, chegou a dizer que retiraria a sua candidatura para apoiar o tucano. Ferreira, no entanto, anunciou que permanecerá na base do governo.

O esvaziamento da oposição ficou completo quando, com a ajuda de Lula, a governadora Fátima conseguiu atrair o MDB, da família Alves, para a sua chapa. O deputado Walter Alves (MDB), primo e desafeto do ex-ministro Henrique Alves (PSB), deve ficar com a vaga de vice. O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), da mesma família, que chegou a ser cogitado para disputar o governo, também foi cooptado e deve sair candidato a senador na chapa. Com isso, restaria ao senador Jean Paul Prates (PT) disputar uma vaga na Câmara.

Tanto Marinho quanto Fábio Faria queriam disputar o Senado, mas Marinho acabou conseguindo se firmar. No mês passado, o TSE afastou a inelegibilidade do ex-governador Robinson Faria, que deve ser candidato a deputado federal. Se permanecer o combinado, Fábio Faria fica com a missão de ajudar na campanha de Bolsonaro. No caso do presidente não se reeleger, Fábio Faria volta a cuidar dos negócios da família – ele é casado com Patrícia Abravanel, filha do empresário Silvio Santos, dono da rede SBT.

A governadora realizou concursos públicos de porte relevante e colocou os salários em dia, temas sensíveis para o Estado. “Em um Estado como Rio Grande do Norte, isso tem um peso imenso”, afirma Antônio Spineli, cientista político da Universidades Federal do Rio Grande do Norte. No Nordeste, a administração pública tem um peso particularmente mais relevante na estrutura produtiva, representando 25,2% do valor agregado bruto contra 17,7% no país, de acordo com boletim regional do Banco Central.

“Além disso, a governadora tem a seu favor o fato de ser muito próxima de Lula e a eleição tende a ser polarizada pelo debate nacional”.

No atual vácuo das candidaturas, inúmeros cenários são cogitados. Um deles seria concentrar forças em uma candidatura do senador Styvenson Valentim (Podemos), que se elegeu embalado pelo bolsonarismo e que vinha sendo defendido pelo ex-juiz Sergio Moro para o pleito no Estado. Ele aparece em segundo nas pesquisas. Outra opção seria lançar Fabio Dantas (Solidariedade), ex-vice-governador, ou a deputada evangélica Carla Dickson (União Brasil).

Quando esteve no Estado no mês passado, Bolsonaro pediu publicamente para que Carla aceitasse o convite para ser candidata a governadora e reforçou a candidatura de Marinho ao Senado. Comenta-se nos bastidores que Marinho também poderia recuar para disputar o governo. José Agripino Maia (União Brasil), que não se elegeu deputado federal em 2018, ficaria com a vaga ao Senado na chapa.

Valor Econômico