Ideologia da Terceira Via a impede de deslanchar
Como dar certo uma candidatura de terceira via se o candidato só poderá ser de direita? Essa exigência não escrita será seguida à risca na hora em que líderes do União Brasil, PSDB, MDB e Cidadania se reunirem para anunciar no próximo dia 18 de maio quem apoiarão para a eleição presidencial de outubro.
A direita já tem um candidato: Jair Messias Bolsonaro. É de extrema direita, mas até lá vai querer se apresentar como se fosse apenas de direita, moderando seu discurso o tanto que for possível. Está sendo orientado a fazer isso. Se o fará ou não, não se sabe. Seu extremismo é incontrolável. Corresponde à sua natureza.
O candidato nem, nem, nem Lula, nem Bolsonaro, sob o rótulo de terceira via, irá disputar espaço com Bolsonaro ou com Lula? Baterá mais em Lula ou em Bolsonaro, ou igualmente nos dois? Vai bancar o “isentão”? A fatia do eleitorado inclinada a ouvir uma voz isenta é pequena, quase irrisória, segundo as pesquisas.
Ela não deve ser confundida com a fatia disposta a dar ouvidos ao ex-juiz Sérgio Moro. São eleitores de direita, mas não só. São também os que admiram Moro por ter enfrentado a corrupção. Se o candidato chamado de terceira via desejar fazer algum sucesso, terá que escolher Bolsonaro como seu alvo preferencial.
Um candidato nem, nem, já existe: Ciro Gomes (PDT). E ainda não conseguiu deslanchar. Não lhe faltam ideias sobre como governar o Brasil. Tem proposta para tudo. É a quarta vez que concorre à presidência. Ora espanca Lula, ora Bolsonaro. E talvez por isso não subtraia votos nem de um nem do outro. O que Ciro é de fato?
Mais um Ciro no páreo não deixará para trás nem Lula nem Bolsonaro.