STF vai ignorar indulto de Bolsonaro

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Cristiano Mariz/O Globo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a ação penal contra o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) “prosseguirá normalmente” mesmo após o decreto do presidente Jair Bolsonaro que concede o perdão da pena ao parlamentar.

Moraes destaca que a defesa de Silveira ainda não anexou o indulto no processo. Além disso, segundo ele, é “absolutamente necessário definir o exato momento em que o decreto presidencial de indulto permitirá a decretação de extinção da punibilidade pelo Poder Judiciário”.

Para o ministro, a juntada do decreto pela defesa é o primeiro passo para que o STF decida se o indulto tem ou não validade antes de a sentença transitar em julgado – jargão jurídico usado quando o réu esgota todos os recursos a que tem direito.

Embora a doutrina jurídica preveja que o indulto só possa ser concedido depois desse momento, prossegue Moraes, há precedentes do STF no sentido de permitir o perdão da pena quando está pendente apelação da defesa, mas a acusação não pode mais recorrer.

Outro ponto que deverá ser examinado diz respeito aos reflexos do indulto nos efeitos secundários da condenação, como a sua inelegibilidade. Moraes afirma que tais análises ocorrerão à parte do julgamento das ações que questionam a constitucionalidade do decreto.

Até lá, Silveira segue na condição de condenado. O plenário do STF impôs pena de oito anos e nove meses de prisão pelos ataques feitos à Corte e pela apologia a atos antidemocráticos, como o fechamento das instituições e a instauração de uma nova ditadura militar.

Moraes intimou a defesa a anexar o indulto aos autos e a se manifestar em até 48 horas tanto sobre o decreto, quanto sobre o descumprimento das medidas cautelares impostas ao deputado pelo plenário. Segundo o ministro, elas seguem em pleno vigor.

O ministro aponta que Silveira tem desrespeitado as medidas, deixando descarregar a tornozeleira eletrônica, participando de eventos políticos públicos no Palácio do Planalto e até mesmo concedendo entrevista coletiva de seu gabinete na Câmara dos Deputados.

Valor Econômico