Dono do PL rifa Tiririca

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Foto: Montagem/José Cruz/ABr

O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, se manifestou oficialmente sobre a desistência do deputado federal Tiririca da eleição deste ano, após a legenda transferir o número de urna do humorista para Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República.

Por meio da assessoria do partido, Costa Neto lamentou a decisão do humorista de não se candidatar no pleito deste ano, mas não demonstrou intenção de demover o palhaço cearense da decisão.

“O Tiririca é muito importante para o PL, mas, se ele desistir de ser candidato, paciência”, declarou por meio da assessoria do partido.
Segundo o PL, a decisão de transferir o número usado por Tiririca por três eleições seguidas foi tomada por unanimidade pela Executiva Nacional da legenda em reunião realizada há cerca de 15 dias.

Nas últimas três eleição Tiririca foi o maior cabo eleitoral da legenda no estado de São Paulo, figurando entre os deputados federais mais votados e ajudando a eleger outros nomes menos expressivos da sigla.

Em entrevista ao g1 nesta terça (24), o humorista disse se sentir traído por Valdemar Costa Neto e pelos membros do PL, por terem retirado o número de urna dele depois que a janela partidária já tinha fechado.

“Foi uma covardia o que fizeram. Estou muito chateado e me sinto desrespeitado. Já decidi que não sairei candidato neste ano”, afirmou.
“Achei um gesto desrespeitoso. Por três anos seguidos o número foi meu e conquistei votações expressivas, elegendo vários membros do partido junto comigo. Fiquei sabendo por terceiros que o número foi dado ao filho do Bolsonaro, e eles até agora não me procuraram para dar uma justificativa”, declarou Tiririca.

Eleito pela primeira vez em 2010 fazendo piadas no horário eleitoral e chamando o eleitor de “abestado”, um dos seus bordões da carreira de palhaço e humorista, Tiririca chegou a ser o deputado mais votado do país naquele ano, conquistando 1,3 milhão de votos.

Apesar de ter mantido o número 2222 na urna nas eleições seguintes, os votos direcionados a ele foram diminuindo e chegaram a 445 mil no pleito de 2018.

Por outro lado, na mesma eleição Eduardo Bolsonaro, então no PSL, foi o deputado mais votado de São Paulo e conquistou 1,8 milhão de votos em 2018.

“O meu número é uma marca superdivulgada e associada a mim. Apesar de alguns colegas dizerem que número não elege parlamentar, eu me pergunto por que não deram então outro número para o filho do presidente da República?”, declarou o deputado.

“Depois de ter feito tanto pelo partido, me sinto traído porque esperaram o fim da janela partidária para que eu não pudesse migrar para outro partido. Lamento muito essa falta de ética”, afirmou.

Votações de Tiririca para a Câmara dos Deputados

2010 – 1.353.820 votos (mais votado do país)
2014 – 1.016.796 votos (segundo mais votado)
2018 – 445.521 votos (quinto mais votado em SP)

O deputado federal afirmou que tem a opção de judicializar a questão do número de urna e levá-la à Justiça Eleitoral, mas decidiu que não iria fazer isso para retomar integralmente a carreira de humorista a partir de 2023.

“Me disseram que eu poderia garantir na Justiça meu número, mas achei melhor não. Se o partido fez esse gesto, não vou criar briga em respeito às pessoas que votaram em mim”, declarou.

O humorista diz que a decisão de não se candidatar em 2022 também passa pela questão de ter que votar em Jair Bolsonaro neste ano, já que o presidente da República se filiou ao PL em novembro e deve disputar a reeleição pela legenda neste ano.

“Não votei em Bolsonaro em 2018 e não votaria agora”, afirmou.

Nascido em Itapipoca, o palhaço cearense fez sucesso nos anos 90 cantando a música “Florentina”. Mesmo depois de eleito deputado federal, frequentou programas de humor na televisão como “Pânico na TV” e “Show do Tom”, do humorista Tom Cavalcante.

Tiririca não descarta, porém, uma volta à política daqui quatro anos.

“A partir de 1 de janeiro de 2023 vou retomar a minha carreira de humorista integralmente. Se daqui quatro anos eu tiver cabeça para voltar, eu volto num outro partido. Por hora estou de cabeça tranquila e certo da minha decisão”, disse o deputado.

G1