Lula atacará armamentismo fechando clubes de tiro

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Foto: Reprodução

O Diretório Nacional do PSOL aprovou neste sábado o apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da República.Em discurso aguerrido para a militância de esquerda, Lula adotou tom de campanha e investiu na desconstrução do presidente Jair Bolsonaro.

Lula associou a defesa que o presidente faz do porte de armas à violência e disse que, caso seja eleito, vai fechar os clubes de tiros.

— E esses clubes de tiros que foram criados, se preparem porque vai fechar. Vai ter clube de leitura. Vai ter livros — afirmou o ex-presidente.

Em busca do voto evangelico, Lula ainda acusou Bolsonaro de se aproveitar da boa fé dos milhões de fiéis do segmento.

— Evangélico? olha a cara dele! esse cara é cristão? ele é fariseu! não tem nada a ver com Deus. é um pecador da pior espécie — afirmou o petista.

O petista procurou se apresentar como uma alternativa democrática contra o autoritarismo que, de acordo com o pré-candidato, é representado por Bolsonaro. Lula disse que pretende fazer uma lista de deputados de sua coligação para pedir votos em atos de campanha. Ele frisou que essa estratégia é importante para montar uma base forte no Congresso para acabar com o chamado Orçamento Secreto.

— Em cada comício vou entregar uma lista de deputados da aliança para que a gente possa mudar e acabar com essa história do orçamento secreto, do presidente da Câmara (Arthur Lira) mandar mais que o presidente da República — prometeu o petista.

É a primeira vez desde a fundação do partido, em 2004, que o PSOL não terá candidato próprio à presidência da República. Havia resistência a Lula na sigla e o endosso ao petista foi avalizado com margem considerada apertada: por 35 votos a 25.

Também ficou decidido neste sábado, no entanto, que a participação em um eventual governo petista ou a integração dos parlamentares do PSOL na base lulista no Congresso só será discutida pelo partido após as eleições.

Lula agradeceu a direção do partido e a militância pelo apoio quando foi preso pela Operação Lava-Jato em Curitiba, após ser condenado pelo caso do apartamento tríplex do Guarujá. A sentença acabou anulada pelo SupremoTribunal Federal (STF).

O ex-presidente também centrou fogo na política externa do governo Bolsonaro e disse que o presidente levou o país ao isolamento. Lula disse que pretende reaproximar o Brasil das principais potências, assim como retomar as relações com os vizinhos da América Latina para que tenham uma moeda única.

Lula chegou à convenção acompanhado do líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) Guilherme Boulos e foi recebido aos gritos de “olê, olê, olê olá, Lula, Lula”. Em seguida, a militância bradou “Fora Bolsonaro”. Além de Lula, também participaram do encontro do PSOL petistas como o ex-prefeito Fernando Haddad, pré-candidato ao governo de São Paulo, e o vereador Eduardo Suplicy, entre outros.

Boulos era o mais cotado para concorrer ao Palácio Bandeirantes pelp PSOL, mas decidiu apoiar Haddad e será uma das apostas de puxadores de voto da sigla para a Câmara dos Deputados. A estratégia da legenda é apresentar candidatos com foco em pautas nacionais, o que avaliam ser um diferencial, em oposição a parte dos representantes do Congresso marcados por uma atuação fisiológica e ligada aos chamados interesses “paroquiais”.

Ainda que uma ala do parrido tenha defendido a candidatura própria à presidência, ficou evidente que as principais lideranças partidárias se uniram na tese de que o mais urgente para as esquerdas seria unir forças para buscar derrotar o presidente Bolsonaro.

— É preciso juntar as forças progressistas e tirar a caneta desse cara. Todas as divergências que possam existir são minimizadas por esse momento — afirmou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).

Figura histórica da legenda, o vereador carioca Chico Alencar afirmou que o partido não será “submisso” dentro da aliança. Ainda assim, “em nome da democracia”, disse estar disposto “até mesmo a engolir o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa de Lula”.

— Votei com a tese vencedora (de apoio a Lula, na convenção). Coligação para nós não é diluição, nem perda de identidade. O PSOL não vai acabar — disse Alencar. — Não seremos malcriados, mas vamos trabalhar para que a visão do Alckmin não prevaleça do ponto de vista programático.

O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, também adotou o tom de que o foco deve ser o enfrentamento a Bolsonaro:

— A união da esquerda em torno da candidatura de Lula é sem dúvida a melhor tática para derrotar Bolsonaro. Estamos felizes e esperançosos com essa decisão. Na semana que vem já iniciaremos as conversas para participar do conselho político da campanha e da coordenação do programa de governo.

Fernando Haddad, por sua vez, defendeu a escolha de Alckmin como vice de Lula:

— É muito importante para o país que o campo progressista esteja alinhado. A vinda do Alckmin amplia ainda mais e coloca a tarefa de derrotar o extremismo na ordem do dia. Espero que essa orientação seja seguida por todos os democratas — afirmou.

Em fevereiro, a Executiva Nacional do PSOL aprovou a abertura de negociações com o PT e demais partidos de esquerda para firmar uma aliança nacional em torno da candidatura do ex-presidente Lula.

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No fim de abrill, o PT acolheu as propostas do PSOL ao programa de governo da pré-candidatura. Entre as principais estão a revogação da reforma trabalhista e do Teto de Gastos, assim como a criação de um novo marco fiscal. O PT não as deve cumprir todas integralmente. A reforma trabalhista, por exemplo, deve ter somente alguns pontos modificados, principalmente para garantir mais proteção aos trabalhadores de entregas por aplicativos.

O Globo