Mídia dá cobertura gigante às escaramuças do nanico PSDB

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Foto: Folhapress

Ainda sem definição sobre a disputa ao Palácio do Planalto, o PSDB viu sua crise interna se agravar após o deputado Aécio Neves (MG) afirmar à Folha que o presidente da sigla, Bruno Araújo, atuou para rifar o ex-governador João Doria com o objetivo de viabilizar a candidatura de Rodrigo Garcia em São Paulo.

Neste sábado (14), em carta enviada a Araújo, Doria também afirmou que havia uma movimentação interna para tirar o seu nome da disputa eleitoral, o que chamou de “golpe”.

Com a escalada desses conflitos, o presidente do PSDB convocou uma reunião da executiva nacional da legenda para a próxima terça-feira (17), com o objetivo de discutir a eleição presidencial.

Em São Paulo, pessoas próximas a Rodrigo Garcia interpretaram as falas de Aécio como uma tentativa de jogar a culpa dos desgastes de Doria, que renunciou ao governo paulista no fim de março, no colo do seu sucessor.

Rodrigo, atual governador, foi eleito vice-governador em 2018 e, em 2021, se filiou ao PSDB para tentar a reeleição ao estado quando Doria renunciasse para disputar a Presidência.

O governador e seus aliados têm evitado fazer comentários públicos a respeito das falas de Aécio. O entendimento no entorno de Rodrigo é de que o paulista não deve “morder a isca” de repercutir o tema e que é melhor deixar o assunto esfriar.

Dizem, no entanto, que foi o próprio Aécio quem construiu uma estrutura para minar Doria durante as prévias tucanas para a disputa à Presidência. O mineiro apoiava o então governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que também renunciou ao mandato.

Doria venceu no ano passado, por 53,99% a 44,66%, a disputa interna contra Leite. O terceiro concorrente, Arthur Virgílio Neto, ex-prefeito de Manaus, obteve 1,35%. As prévias do PSDB foram cercadas de trocas de acusações, de ambos os lados, de irregularidades para ganhar o pleito.

Aliados de Rodrigo dizem ainda que, como Aécio tem disputado verbas do fundo eleitoral para concorrer novamente à Câmara dos Deputados, o desgaste da candidatura do atual governador paulista o beneficiaria nesse sentido.

“Não existe qualquer movimento do Rodrigo [Garcia] para barrar a candidatura do ex-governador. O que houve, sim, foi, nas prévias, uma tentativa de Aécio de derrotar o Doria. Perdeu, e agora quer colocar mais gasolina na fogueira”, afirma o deputado estadual Vinícius Camarinha, líder do governo estadual na Assembleia Legislativa de SP.

“Penso que o Aécio, lá de Minas Gerais, portanto à distância, não tem conhecimento do que acontece de fato em São Paulo. A filiação do governador Rodrigo foi feita a convite do governador Doria”, diz.

Alguns tucanos de São Paulo que não são alinhados a Doria e Rodrigo avaliam que a rejeição ao nome do ex-governador no estado pode afetar o desempenho do atual governador na disputa à reeleição.

“Eu gostaria, de fato, que o PSDB não deixasse de ter candidato, mas outro que não o Doria. A equação dele [Doria] não fecha, o grau de rejeição é intransponível”, afirmou José Aníbal (SP), que é suplente no Senado.

Ele afirma que os próprios “rodriguistas” têm dito, de forma reservada, que a eleição do PSDB em São Paulo será afetada negativamente se Doria estiver em uma cabeça de chapa presidencial.

Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada no último dia 11, Doria e o presidente Jair Bolsonaro (PL) têm 59% de rejeição em todo o país, a maior entre os candidatos, e o tucano paulista tem 3% das intenções de voto.

Na entrevista à Folha, Aécio afirmou que Araújo tirou o protagonismo da sigla e afirmou que ele trabalha para que Doria não seja candidato à Presidência.

Para Aécio, Araújo atua mais como “advogado” de Rodrigo Garcia do que como líder nacional do PSDB.

O caminho para rifar Doria seria um acerto pelo qual o PSDB apoiaria a candidatura de Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência. Aécio refuta esse acordo.

“O Doria sempre foi o bode que precisava ser retirado da sala para viabilizar a candidatura de Rodrigo Garcia”, afirmou Aécio na entrevista.

O PSDB pretendia definir quem se teria candidato à Presidência ou se apoiaria o MDB de Tebet por meio de uma pesquisa a ser apresentada em 18 de maio. Doria criticou a ideia na carta enviada a Araújo.

No texto, ele disse que aceita eventuais conversas com outros partidos em busca de um candidato da terceira via, mas considera precoce que seu nome seja retirado por causa do desempenho em pesquisas.

Na carta, Doria afirma que as desculpas para trocar o candidato do PSDB na disputa presidencial deste ano são as “mais estapafúrdias”. “Por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião e com altos índices de rejeição”, diz.

Ao convocar a reunião da executiva na terça, Araújo disse que “todas as negociações até este momento de uma aliança em torno de uma candidatura única [de terceira via] se iniciaram com notória anuência do ex-governador de São Paulo, pré-candidato do PSDB à Presidência, e com o aval da Executiva Nacional do Partido e das bancadas no Congresso Nacional”.

Neste domingo (15), o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também manifestou apoio à pré-candidatura de João Doria.

Em mensagem postada em uma rede social, FHC ainda afirmou que as decisões tomadas em prévias partidárias devem ser obedecidas.

“Agiu bem o candidato João Doria. Ressaltando que o resultado das prévias deve ser respeitado”, escreveu o ex-presidente.

Folha