Veja acusa Lula de falar sobre temas “não prioritários”

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O ex-presidente Lula tem muitos conselheiros no petismo. Uma parte deles, a que não se entrega a paixões de esquerda, avalia que a única forma de o petista vencer Jair Bolsonaro é ampliar seu campo de discurso e se fazer ouvir por setores da sociedade que não são convertidos ao petismo.

Há uma legião de eleitores que, apesar da visão crítica sobre o PT, pode votar em Lula pela lembrança das realizações de seu governo ou por pura rejeição a tudo que está aí exposto pelo bolsonarismo. Nessa linha, dar entrevistas aos grandes meios de comunicação é a estratégia defendida por essa ala do partido. Falar ao país, afinal.

Lula, até aqui, tem seguido a outra ala de conselheiros, uma parcela do petismo que trata a estratégia de Lula como uma extensão de suas visões e paixões pessoais. É essa turma que levou Lula a falar para blogs de esquerda, para rádios de interior e para a imprensa internacional.

A entrevista de Lula para a Time provocou barulho, mas lançou o petista numa armadilha. Era o momento de discutir temas internacionais sobre os quais ele não domina e que não atraem um único voto na grande parcela de brasileiros que sofrem com inflação, desemprego e o desprezo do atual governo?

Enquanto Lula fala de guerra na Ucrânia, Bolsonaro roda o país falando aos brasileiros sobre o cada vez mais amplo pacote de bondades que seu governo está espalhando pelos estados. Lula não enfrenta temas domésticos falando com a imprensa. Usa redes sociais, onde apanha há tempos de Bolsonaro e sua ampla rede de desinformação.

Pregando para blogueiros de esquerda, Lula é provocado a falar de revogação da reforma trabalhista e outros temas que não estão na ordem do dia de quem sofre para ter três refeições por dia ou pagar o aluguel. Ouvindo o petismo que tem o pé no passado, Lula terão poucas chances no futuro.

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