Ciro se recusa a dizer o que faria se houvesse 2o turno

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

Na terceira colocação nas pesquisas eleitorais, o pré-candidato do PDT à Presidência, o ex-governador cearense Ciro Gomes, não disse como vai se posicionar se não estiver no segundo turno das eleições, polarizadas atualmente entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu estarei no segundo turno”, limitou-se a dizer.

As afirmações de Ciro Gomes durante a entrevista foram conferidas por uma equipe de checagem “Fato ou Fake”, formada pelos veículos de comunicação do grupo Globo G1, TV Globo, GloboNews, O Globo, Extra e Valor. A equipe constatou, por exemplo, que o pedetista fez uma afirmação falsa ao mencionar que 70% da população no mundo do trabalho está na informalidade, em desalento ou desempregada. Essa porcentagem, na realidade, é de 51%. Todas as checagens, bem como a íntegra da entrevista, estão disponíveis no site do portal G1.

Ciro disse ontem que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, cometeu “um erro grave” ao convidar as Forças Armadas a participarem do processo eleitoral.

O convite foi feito no ano passado, quando Barroso era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ciro abriu ontem a série de entrevistas com presidenciáveis no podcast “O Assunto”, da jornalista Renata Lo Prete, da TV Globo.

“Isso não tem nada a ver com as Forças Armadas. Isso é coisa de República de bananas”, completou. “É ao Supremo Tribunal Federal que cabe a última palavra. Sem o Supremo Tribunal Federal dando na estrutura, a arquitetura do estado direito democrático, é a babel institucional. Nós precisamos fazer isso ser respeitado.”

Questionado sobre como vai colocar fim no chamado orçamento secreto, respondeu: “Como vou fazer para resolver esta e para outras questões? Como vou mudar o modelo de financiamento, o modelo tributário e o modelo previdenciário? É uma grande questão. É um gesto e quatro providências: primeiro gesto, abro mão da minha reeleição à presidente em troca da reforma do país.”

Durante a entrevista, Ciro Gomes fez diversas críticas ao ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de votos. “O que aconteceu é que Lula era uma coisa e se corrompeu e eu vi de perto ele se corrompendo”, disse.

A apresentadora lembrou que em 2018, Ciro declarou que Lula tinha sido um bom presidente. “Ele foi bom presidente, não dá para desdizer. O Lula foi um bom presidente nas circunstâncias que ele governou o Brasil”, disse.

Ciro também falou sobre a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro tentar dar um golpe se não vencer o pleito. Ciro classificou essa possibilidade como um “delírio que o Bolsonaro tem na cabeça”.

Para o pedetista, o presidente vai tentar acumular forças, mas não tem base na sociedade civil, na comunidade internacional nem na imprensa para sustentar uma tentativa de golpe. Se houver a tentativa, ele afirmou que vai resistir. “Vou resistir. Como? Na proporção necessária. Minha grande ferramenta é a minha palavra. Mas, se for necessário, eu também desço na periferia e organizo a rapaziada”.

O pedetista criticou mais uma vez a proposta de Bolsonaro para conter o preço dos combustíveis por meio de uma redução no ICMS cobrado. Para ele, a proposta de Bolsonaro reduz a capacidade de investimento dos Estados em educação e saúde.

Ciro Gomes ressaltou que o narcotráfico domina a região do Vale do Javari, no Amazonas, onde o jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira desapareceram. O pré-candidato criticou a postura do presidente Bolsonaro em relação ao tema. “O Bolsonaro os inculpou. Os inculpou”, disse. “Repare, ali na região é pesca, é mineração, mas sabe quem está tomando conta? Eu estou sabendo o que está acontecendo: é o narcotráfico com o olho fechado das Forças Armadas”, completou.

Valor Econômico