Empacada, Tebet diz que não larga o osso
Foto: Cristiano Mariz/O Globo
Pré-candidata do MDB à Presidência da República, a senadora Simone Tebet (MS) afirmou ontem que, caso não consiga ir para o segundo turno da disputa, estará “em um palanque eleitoral defendendo a democracia”.
Ela marcou 2% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha, em maio, bem atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com 48%, e do presidente Jair Bolsonaro, com 27%.
“Eu posso dizer o que eu não vou fazer [no 2º turno]. Eu não estarei assistindo na sala, na frente de uma TV. Eu estarei em um palanque eleitoral defendendo a democracia e defendendo as propostas de país que possam efetivamente tirar o país dessa vergonhosa estatística de ser um dos mais desiguais do mundo.”
As declarações foram dadas em entrevista ao podcast “O Assunto”, do portal G1.
Ao falar de economia, Simone Tebet defendeu a manutenção da regra do teto de gastos, mas com uma “nova roupagem”. Sem entrar em detalhes, falou em dar mais “flexibilidade” à norma. E disse que a regra não poderá perdurar “indefinidamente”.
Em linha oposta a de seus rivais, que defendem revogação do teto, Simone Tebet disse que é preciso manter a norma “porque é a única âncora fiscal que ficou”.
O teto é “demonizado” hoje, segundo ela, porque o governo não fez a “lição de casa” que deveria acompanhá-lo: as reformas administrativa e tributária.
Em relação à administrativa, Simone afirmou apenas ser contra o fim da garantia de estabilidade a servidores. Sobre a tributária, se disse contrária à falta de progressividade na tributação do consumo.
Simone Tebet também se manifestou contra a privatização da Petrobras. Ela disse que a medida não resolveria o problema do aumento do preço dos combustíveis e que uma proposta desse tipo seria barrada no Congresso.
Na sequência, a senadora afirmou ser favorável à criação de uma CPI da Petrobras, como aventado por Bolsonaro, e ironizou a iniciativa. “Eu nunca vi um presidente da República querer abrir uma CPI para investigar atos que podem até condená-lo”, disse. “Faço questão de assinar para apurar como está sendo essa ingerência na estatal.”
Com reiteradas críticas a Bolsonaro e Lula ao longo de 90 minutos de entrevista, Simone Tebet apresentou-se como a “única alternativa capaz de pacificar o país e unificar o país em defesa da democracia e do povo”.
Ela disse que a polarização opõe um governo “ignorante, incompetente e inoperante” a um ex-governo “cheio de maus feitos” e que não é capaz de “reconhecer erros que cometeu”.
Cobrada sobre o apoio do MDB às administrações do PT e a respeito de casos de corrupção envolvendo emedebistas, como o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, afirmou fazer parte de uma “outra ala do MDB”.
Em diferentes trechos da entrevista, Simone deu ênfase à necessidade de priorização de políticas para mulheres.
Também afirmou ou confirmou intenção de recriar ao menos três ministérios (Segurança Pública, Cultura e Planejamento) e defendeu acabar com a regra da reeleição para cargos do Executivo.
Parte da entrevista foi dedicada a questões ambientais. Ela defendeu o fortalecimento dos órgãos de controle para zerar o desmatamento e adoção de uma forte política de reflorestamento.
As afirmações foram checadas pela equipe de checagem “Fato ou Fake”, formada pelos veículos de comunicação do grupo Globo “G1”, “TV Globo”, “GloboNews”, “O Globo”, “Extra” e Valor.
A equipe constatou, por exemplo, que Simone Tebet fez uma afirmação falsa ao dizer que é a pré-candidata com menor rejeição. A última pesquisa Datafolha aponta que 9% dos eleitores não votariam nela de jeito nenhum, o mesmo percentual em que foram citados André Janones (Avante), Luiz Felipe d’Avila (Novo) e Pablo Marçal (Pros). A rejeição à senadora é maior que a registrada por Sofia Manzano (PCB) e Leonardo Péricles (UP), ambos com 8%.