Filho de José Alencar desvia Fiesp da extrema-direita

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Foto: Letícia Moreira/Folhapress

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, defendeu em uma reunião fechada, na sede da entidade, a harmonia entre os poderes e a força das instituições do país. Ele afirmou que nenhum poder deve prevalecer sobre outro.

“Ainda há muito a ser feito, mas tudo o que já construímos se deve ao fato de termos instituições fortes. Vivemos em um Estado democrático de direito no qual nenhum poder deve prevalecer sobre o outro”, disse ao abrir reunião conjunta dos Conselhos Superiores de Estudos Nacionais e Política (Cosenp) e de Assuntos Jurídicos (Conjur), na semana passada.

O presidente da Fiesp observou, ainda durante a reunião, que o Judiciário exerce papel especial na consolidação das instituições para garantir mais igualdade e desenvolvimento.

“Esta casa está ao lado do fortalecimento das instituições e do Judiciário”, declarou o presidente da entidade.

Estavam presentes à reunião, cujo debate teve como tema Direito e Política, o conselheiro do Cosenp, Ruy Martins Altenfelder Silva, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que está completando 20 anos de tribunal.

O encontro teve ainda a participação dos presidentes do Cosenp, Michel Temer, e do Conjur, Cesar Asfor Rocha.

O relato das declarações de Josué está registrado no site da Fiesp. Acontece em meio a uma troca de acusações entre representantes dos três poderes, num ano que será marcado pelo processo eleitoral.

Por diversas vezes, o presidente Jair Bolsonaro colocou em xeque a lisura do processo eleitoral, sem apresentar qualquer indício concreto de fraude nas urnas eletrônicas. Bolsonaro também tem feito ataques ao judiciário, e nas comemorações do 7 de setembro do ano passado, diante de milhares de manifestantes, proferiu uma série de ameaças diretas ao STF, exaltando a desobediência a decisões judiciais e até ameaçando alguns ministros.

Procurado, o presidente da Fiesp informou em nota que “a Fiesp estará sempre na defesa das instituições e do estado democrático de direito e prestou sua homenagem ao judiciário”.

Segundo relato registrado no site da Fiesp, Ruy Altenfelder iniciou sua fala declarando que “esta é uma casa política, mas não político-partidária”. No seu entendimento, em qualquer situação, a prevalência é sempre da lei maior que, no caso do Brasil, é o texto da Constituição Federal.

“Se não houver respeito e obediência ao Estado democrático de direito, chegaremos ao caos”, alertou.

Gilmar Mendes também defendeu a Constituição.

“Vivemos o mais longo período de normalidade institucional, pelo menos ao se considerar a vida republicana, que começou em 1889. Isso se deve a essa Constituição”, afirmou o ministro.

Josué Gomes tomou posse na Fiesp em janeiro passado, sucedendo o empresário Paulo Skaf, depois de 17 anos.

Durante a gestão de Skaf a Fiesp encampou alguns pleitos mais políticos, como a redução de impostos da cesta básica, a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, além da campanha nacional da Fiesp contra o aumento de impostos e a volta da CPMF, que tinha como símbolo um pato.

A campanha chamava-se Não Vou Pagar o Pato. O pato acabou se tornando o símbolo mais emblemático da entidade e foi incorporado às manifestações que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A troca de comando na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), trouxe a expectativa a alguns empresários de mais pragmatismo nos pleitos da indústria e um viés menos político à entidade.

Para alguns empresários, os problemas da indústria acabaram ficando em segundo plano nos últimos anos. Como Josué é presidente de uma companhia grande e importante do setor têxtil, a Coteminas, conhece a fundo os problemas da indústria.

O Globo