Pandemia de covid está crescendo furiosamente

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Foto: Daniel Ramalho/AFP

Contabilizar as “ondas” da Covid-19 vinha se tornando menos comum. O uso desse termo também sempre esteve envolvido em imprecisão. Afinal, não se tem uma delimitação definida de quando uma onda começa ou acaba, ou o que exatamente separaria uma onda de outra, por exemplo. Mas, chame-se isso ou não de onda, o fato é que tem sido registrado no Brasil um avanço nos casos da doença.

O Boletim InfoGripe, divulgado pela Fiocruz no último dia 9 (referente à semana epidemiológica de 15 a 21 de maio) mostra persistência na tendência de aumento dos casos de Covid-19 em todas as regiões brasileiras. O documento informa que 48% das ocorrências de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nas quatro semanas anteriores à publicação tiveram a covid-19 na como base. No caso dos óbitos por SRAG, 84% das notificações foram relativas à doença causada pelo coronavírus.

Há especialistas que apontam a relação desse aumento de casos com subvariantes do coronavírus, como Ômicron BA.4 e BA. O painel da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que, apesar da acentuada queda desde o início deste ano, desde a segunda quinzena de abril tem havido ligeira elevação no número de casos confirmados. No óbitos, felizmente, o pico deste ano, atingido no início de fevereiro, segue em declínio (até fim de maio, último dado disponível no portal).

A seu favor, o Brasil tem números bastante positivos para mostrar: até o último dia 3, ainda de acordo com a OMS, já haviam sido aplicadas mais de 433 milhões de doses de vacina contra a covid-19, e o país já dá os primeiros passos na administração da quinta dose (para maiores de 50 anos). Quase 78% da população brasileira já completou o ciclo vacinal (duas doses ou dose única), praticamente 83% tomaram ao menos uma dose e quase 45% receberam a terceira. A vacina ajuda a evitar que os quadros se agravem e levem a internações.

Como já se apontou, o risco com a circulação do novo coronavírus é o de se multiplicarem as variantes. Nada invalida a possibilidade de que novas cepas venham a se mostrar resistentes às vacinas atuais, e os tratamentos com antivirais (como o molnupiravir, por exemplo, que em maio recebeu sinal verde da Anvisa para ser produzido no país em caráter emergencial) ainda estão no início. Tentar reduzir a circulação do vírus ainda é a melhor forma disponível para combater as variantes.

E aqui surgem os obstáculos que o Brasil tem diante de si: com o fim do estado de emergência, no fim de maio, a obrigatoriedade do uso de máscaras caiu em diversas cidades. Mas o avanço dos casos já levou autoridades a reforçar a recomendação de uso em ambientes fechados. Passa a vigorar mais uma vez o cenário visto ao longo da pandemia, de diferentes regras para uso de máscaras, o que confunde a população. E à frente estão dois desafios: a proximidade do inverno – quando aumentam os casos de doenças respiratórias – e as campanhas eleitorais – que favorecem a formação de aglomerações, seja em espaços fechados, seja em eventos de rua.

Lembrar nunca será demais: a pandemia decretada pela OMC em 11 de março de 2020 não chegou ao fim. Também é preciso reforçar a importância de estar com todas as doses da vacina em dia. O Brasil fez um grande avanço no combate à doença, ainda que o início tenha tido seus percalços. Mas, seja ou não o caso de se falar em mais uma onda, ou de continuidade de alguma onda anterior, e por mais que situações dramáticas como a que vivemos em alguns momentos ao longo dos últimos dois anos estejam distantes, não se pode baixar a guarda. Máscaras, higienização das mãos e distanciamento social quando possível continuam a ser os instrumentos básicos de proteção: essa lição foi duramente aprendida ao longo da pandemia, e mais do que nunca, não é hora de esquecê-la. O mesmo vale para as demais doses da vacina.

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