PSB aceita ceder sobre candidatura de França

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Foto: Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados

Diante da pressão crescente do PT para que o PSB retire a pré-candidatura de Márcio França ao governo de São Paulo e passe a apoiar o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e de movimentações do presidente do PSD, Gilberto Kassab, de aproximação com o bolsonarismo no Estado, a cúpula socialista reiterou, em reunião na noite de segunda, em Brasília, que qualquer negociação só será feita em bloco. A determinação é não tratar a situação de São Paulo isoladamente.

A intenção é resolver de uma única vez todos os impasses eleitorais nos Estados. O provável apoio do PSD ao pré-candidato bolsonarista Tarcísio de Freitas (PL) ao Palácio dos Bandeirantes é um dos fatores que pode levar à desistência de Márcio França.

No PT, a saída de França para disputar o Senado na chapa de Haddad é dada como certa.

Além de São Paulo, há problemas entre PT e PSB, principais aliados no campo nacional, no Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Acre, Santa Catarina e Rio Grande do Norte.

As indefinições envolvem pré-candidaturas aos governos estaduais e também questões relativas à disputa do Senado.

“Ou se resolve tudo ou não adianta. Essa é a discussão. Vamos ouvir aquilo que o PT oferece. A gente propõe que o PT apoie os nossos candidatos”, argumentou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

“Nós estamos apoiando quatro candidatos a governador [do PT], o presidente da República, o vice que eles queriam e que nós também queremos, que é o [Geraldo] Alckmin. E em troca o que teremos?”, questionou Siqueira.

O dirigente deve se reunir com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nos próximos dias para informar que a situação em São Paulo não pode ser tratada pontualmente.

Na semana passada, o dirigente do PSB, em entrevista ao Valor, havia informado que até o dia 10 de julho todas os problemas estariam solucionados. Agora, o prazo é 19 de julho.

Além de Siqueira e do ex-governador Márcio França, também participaram do encontro na sede do PSB, em Brasília, os governadores de Pernambuco, Paulo Câmara, e do Espírito Santo, Renato Casagrande, o prefeito do Recife, João Campos, o ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg e o pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque.

Apesar dos crescentes rumores de sua desistência, França destacou, após o encontro, que não mudou em nada a disposição de ser candidato ao governo de São Paulo. Ele relatou que, na conversa que teve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sexta-feira da semana passada, o posicionamento foi reafirmado.

Reservadamente, integrantes do PSB admitem que a manutenção do nome de Márcio França como pré-candidato ao governo paulista é cada vez mais difícil.

O ex-governador negou que Lula tenha pedido diretamente para ele retirar a candidatura. “Ele sempre fala de maneira muito sutil. O que ele [Lula] argumenta é que é mais fácil juntar o time do Lula contra o não time do Lula.”

“É natural que fale desta maneira. Eu disse a ele que estava de acordo com o isso, mas o problema é quem vai representar o time do Lula”, brincou, em meio a risos, destacando que defende que ele seja o nome escolhido para a disputa em São Paulo.

Márcio França também ressaltou que Lula havia topado o critério de pesquisa eleitoral para decidir quem seria o candidato em São Paulo. O PT já disse não abrir mão da postulação de Fernando Haddad. Nos levantamentos mais recentes, o petista aparece na liderança.

No Espírito Santo, o PT ainda mantém a pré-candidatura ao governo do senador Fabiano Contarato (PT). O governador Renato Casagrande, candidato à reeleição, destacou que não enxerga problema em disputar contra o PT, mas ponderou que é preciso diálogo.

“A gente precisa respeitar os partidos. Se o PT achar que o caminho é ter candidatura, a gente tem que combinar só como fazer”, disse.

“Não é um assunto que precisa ser levado a ferro e a fogo, não. Queremos trabalhar para que todos estejam juntos, mas, se não for possível, pelo menos combinar o jogo”, completou.

No Rio Grande do Sul, o pré-candidato do PSB, Beto Albuquerque, ainda tenta atrair o PDT. No entanto, a cúpula do partido já interveio e vetou abertura do palanque ao presidenciável Ciro Gomes (PDT).

O PT ainda mantém a pré-candidatura do deputado estadual Edegar Pretto. O ex-presidente Lula esteve no início do mês no Rio Grande do Sul para fortalecer o nome do correligionário.

No Rio de Janeiro, onde o PT vai apoiar a candidatura de Marcelo Freixo (PSB), o principal problema está na definição para a vaga do Senado. O PT lançou o deputado estadual André Ceciliano para concorrer na chapa encabeçada por Freixo, mas o deputado Alessandro Molon (PSB) também quer o posto.

O PSB demonstrou insatisfação com o fato de o PT ter escolhido o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT) para concorrer ao Senado na composição montada pela ex-governadora do Rio Grande do Norte Fátima Bezerra. Ela vai concorrer à reeleição. “Lá [no Rio Grande do Norte], eles [PT] colocaram um bolsonarista na chapa majoritária”, disse Carlos Siqueira, numa referência ao apoio de Carlos Eduardo Alves ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições de 2018, quando foi derrotado por Fátima.

No encontro, o PSB também decidiu que 80% do fundo eleitoral serão destinados a candidaturas proporcionais. A legenda tem neste ano R$ 268 milhões para as campanhas nos Estados.

Valor Econômico