Apoio ao aborto cresceu 150%

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A pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, traz novas pistas sobre a opinião dos brasileiros e o impacto político e eleitoral do debate sobre aborto no Brasil. O tema ganhou nova repercussão nas redes sociais no mês passado, após a revelação de que a juíza Joana Ribeiro Zimmer, da Comarca de Tijucas, em Santa Catarina, impediu o acesso legal de uma menina vítima de estupro, na ocasião com apenas 10 anos de idade, ao procedimento.

Os dados mostram ampla repercussão do caso: 72% dos entrevistados pela Quaest já sabiam da ação da juíza antes de serem questionados pela entrevista, contra 27% que só souberam ao serem questionados pela pesquisa. O levantamento aponta que a maioria dos brasileiros defende a manutenção das regras vigentes no país, quando o assunto é aborto. Para 56%, o procedimento deve ser permitido apenas em caso de estupro ou risco à vida. Já a defesa do aborto em qualquer situação soma 19% dos brasileiros. O último percentual empata na margem de erro, que é de dois pontos percentuais, com o grupo contrário ao aborto em qualquer situação (21%). Outros 4% não souberam responder.

A pesquisa revela também que houve uma pequena redução dos que avaliam que o fato de seu pré-candidato defender o direito ao aborto diminuiria a chance de votar nele. O índice passou de 50%, em junho, para 46%. Também houve recuo do grupo dizendo que o tema não teria impacto no voto, de 39% para 32%. Por outro lado, os que dizem que a defesa do direito ao aborto aumentaria a chance de votar em seu candidato subiu de 7% para 17%.

Dados da pesquisa Quaest sobre direito ao aborto — Foto: Arte / O Globo

Dados da pesquisa Quaest sobre direito ao aborto — Foto: Arte / O Globo

Percepção de cada eleitorado

Entre os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a defesa do direito ao aborto aumentaria a chance de voto no petista para 19% dos ouvidos. Ainda entre os que pretendem votar em Lula, 35% dizem que o tema não teria impacto na decisão, enquanto 41% avaliam que a defesa da pauta reduz a chance de voto em Lula. Em abril, o ex-presidente chegou a defender que toda mulher deveria ter direito ao aborto no Brasil e que a questão fosse tratada como saúde pública, mas amenizou o tom em seguida, após a repercussão da declaração e da pressão de integrantes de sua campanha, que consideraram a fala um erro político.

Já, entre os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), 57% afirmam que defender o direito ao aborto reduziria as chances de votar no atual presidente. Para outros 25%, não teria impacto na escolha. Apenas 14% dizem que as chances aumentariam. Bolsonaro já se manifestou em diversos momentos ser contra o direito ao aborto. Em junho, chamou de “inadmissível” o aborto legal realizado na mesma menina vítima de estupro em Santa Catarina, em uma série de posts no Twitter.

Os índices dos eleitores da chamada terceira via, que não vota nem em Lula nem em Bolsonaro, estão mais próximos aos registrados entre os eleitores do petista. Para 36%, defender o direito ao aborto não mudaria o voto, enquanto 43% consideram que a pauta reduziria as chances de apoiar seu candidato. Para 15%, a agenda teria impacto positivo nessa avaliação.

Globo