Até onde vão os bolsonaristas?

Sem categoria

Pode ser só coincidência, porque, afinal, coincidências acontecem, mas três episódios simultâneos aumentam o medo do que possa acontecer no 7 de Setembro e principalmente antes, durante e depois das eleições. A violência política, que atingiu até os Estados Unidos e o Japão, pode chegar ao Brasil? Para o presidente do TSE, Edson Fachin, o risco é grande.

Em Brasília, estrume, terra e ovos no carro do juiz Renato Borelli, que acatou um pedido da PF para prender o ex-ministro Milton Ribeiro e os dois pastores trambiqueiros que agiam no MEC por orientação do Planalto. No Rio, uma bomba de cocô próxima a um ato de campanha do ex-presidente Lula. Em São Paulo, um tiro numa vidraça da Folha de S.Paulo.

Num ambiente saudável, prendiam-se os responsáveis e tocava-se a vida. Mas o Brasil e o mundo não estão nada saudáveis e há uma interrogação no ar: até onde o presidente Jair Bolsonaro e os bolsonaristas são capazes de ir se ele perder a eleição, como, aliás, indicam as pesquisas?

Num evento em Washington, Fachin disse, em tom de alerta, que o Brasil pode sofrer um atentado ainda mais grave do que a invasão do Capitólio após a derrota de Donald Trump. Em live, Bolsonaro respondeu que “ninguém quer invadir nada”, mas conclamou sua milícia para já fazer algo “antes das eleições”.

O 01, Flávio Bolsonaro, já disse ao Estadão que, se os bolsonaristas partirem para a ignorância nas eleições, paciência: “Como a gente tem controle sobre isso?” E ontem teve a caravana “Proarmas, pela Liberdade”, no coração da República. Foi no 9 de Julho, Dia Mundial do Desarmamento, diante da Catedral de Brasília, o que embola Deus e armas, e o principal organizador dá aulas sobre armas com o 03, Eduardo Bolsonaro. “Coincidência”?

O capitão também engole um general atrás do outro e Paulo Sérgio Oliveira (Defesa) é mais um a cair no “um manda, o outro obedece”. Com tropas armadas, civis e militares, contra a credibilidade do TSE, seus ministros e as urnas eletrônicas, o presidente também mobiliza diplomatas: nacionais, para papagaiar mundo afora suas teses contra as instituições, e estrangeiros, para repetir as fake news de fraudes na sua própria eleição.

Pavor com o risco de derrota? Em reunião no Planalto, bunker de campanha, ele requentou as Forças Armadas no caldeirão e as críticas ao TSE e teria ameaçado: “se as eleições não forem limpas”, pode até desistir. Até lá, fortalece civis armados e enfraquece Forças Armadas, responsabilidade fiscal, lei eleitoral, Congresso e STF. O TSE está no alvo e tiros, bombas caseiras e fezes são avisos… Fachin não exagerou em Washington.

Estadão