Mulher de Bolsonaro diz que ele é “cura para o Brasil”

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Foto: Bruna Prado/AP

Na abertura de discursos da convenção do PL, ontem, que oficializou o presidente Jair Bolsonaro como candidato à reeleição, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, afirmou que a candidatura “não é um projeto de poder”. “A reeleição é por um propósito de libertação, de cura, para o nosso Brasil”, disse Michelle.

Com um vestido longo verde-claro, a primeira-dama falou por cerca de 12 minutos em um discurso repleto de referências religiosas. Foi um discurso longo na comparação com outras declarações públicas da primeira-dama. A participação de Michele marca a tentativa do comando da campanha de reverter a rejeição do presidente entre o público feminino, que supera os 60%, segundo o Datafolha.

Na fala, no palco montado no Maracanãzinho, Michelle rebateu críticas de que o presidente não dá importância às mulheres. “Colocam vários rótulos [em Bolsonaro], falam que ele não gosta de mulheres, mas ele foi o presidente da história que mais sancionou leis para proteção das mulheres, 70 leis de proteção. Quando ele cuida de criança rara [que necessitam de atenção especial], ele cuida da mãe; quando leva água para o Nordeste ele está cuidando da mãe dona de casa, mãe que leva balde, bacia na cabeça”, afirmou.

O discurso de Michelle atendeu a pedidos dos estrategistas de campanha de Bolsonaro, que tentam dar mais visibilidade à primeira-dama. Nos últimos dias, o presidente também ampliou o repertório de falas direcionadas às mulheres, destacando programas do governo voltados a elas, sob argumento de que não é machista.

Bolsonaro tem um histórico de declarações com ofensas às mulheres. Desde a campanha de 2018, mostrou-se contrário às leis de maior equidade de gênero no mercado de trabalho. Em 2017, afirmou que teve uma filha após ter tido quatro filhos porque deu “uma fraquejada”. Já no cargo de presidente, fez apologia ao turismo sexual e fez agressões a mulheres que trabalham na imprensa.

Na convenção do PL, ontem, as referências religiosas foram utilizadas pela primeira-dama também para relembrar o atentado que Bolsonaro sofreu na campanha de 2018, e a sua recuperação.

“Há quatro anos passamos por essa experiência e não tínhamos ideia o que íamos enfrentar, do que estava por vir. Mas como falei ontem, em Vitória, quando cheguei na Santa Casa e vi meu marido deitado na maca, desconfigurado, olhei para o teto e falei: ‘O senhor tem o controle de todas as coisas, não cai um fio de cabelo de nossa cabeça e uma folha de uma árvore sem a permissão do senhor’. Disse que o Brasil é uma nação “abençoada, próspera e rica, só foi mal administrada”. E completou: “Deus ama essa nação.” Sem citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou: “Deus diz que quando o justo governa uma nação o povo se alegra, mas quando o injusto governa o povo geme.”

Michelle afirmou ainda que a campanha anterior de Bolsonaro permitiu resgatar o patriotismo: “Essa chama foi acesa.” E completou: “Temos orgulho de dizer que somos brasileiros, uma terra escolhida por Deus. E Deus tem promessas para o Brasil e todas as promessas teremos que cumprir.”

Em outro trecho da fala, disse que toda terça-feira, quando o presidente deixa o gabinete e o Planalto se fecha, ela olha para a cadeira dele e declara: “Jair Messias Bolsonaro sê forte e corajoso.” Em seguida completou: “Ele é um escolhido de Deus. Esse homem tem um coração puro, limpo, além de ser lindo, mas é meu.” Aproveitou o discurso também para tentar mostrar o lado humano do presidente. Contou que muitas vezes Bolsonaro deita angustiado. “De madrugada ele é meio sem noção com o celular, mas quando vejo ele assistindo Paulinho Gogó, Ceará, a Praça é Nossa, e vejo aquele sorriso, eu digo: ‘Glória a Deus, que ele [Bolsonaro] amanheceu bem e vai ter um dia bom.”

Valor Econômico