Cármen Lúcia envia à PGR indícios contra Bolsonaro

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Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou para a Procuradoria-Geral da República as suspeitas de que o presidente Jair Bolsonaro interferiu nas investigações de corrupção e tráfico de influência no Ministério da Educação. A Polícia Federal apura o favorecimento de pastores na distribuição de verbas da pasta.

Caberá à Procuradoria avaliar se há elementos para abrir uma manifestação formal contra Bolsonaro. Neste momento, Bolsonaro não é alvo da investigação.

As investigações foram enviadas ao Supremo pela Justiça Federal em Brasília após a Polícia Federal e o Ministério Público Federal terem apontado indícios de que Bolsonaro teria alertado o ex-ministro Milton Ribeiro sobre a operação da PF.

Segundo interceptação telefônica feita pela Polícia Federal, em 9 de junho, Ribeiro disse a uma filha que Bolsonaro havia lhe relatado “pressentimento” de que o ex-ministro poderia ser usado para atingir o presidente. Na conversa, Ribeiro também fala da possibilidade de ser alvo de busca e apreensão, como de fato foi, dias depois.

“Hoje, o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento novamente de que podem querer atingi-lo através de mim, sabe?”, disse Ribeiro. Em seguida, o ex-ministro afirma: “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe? Bom, isso pode acontecer, se houver indícios, mas não há porquê”, disse o ex-ministro.

No fim de junho, Milton Ribeiro foi preso em uma operação da Polícia Federal que investiga desvio de verbas do Ministério da Educação por meio de pastores que supostamente pediam propina a prefeitos para acelerar a liberação de recursos da pastas. No dia seguinte, por ordem judicial, o ex-ministro e os pastores foram soltos.

O delegado responsável pela operação, Bruno Callandrini, em mensagem enviada a colegas da Polícia Federal, apontou “interferência” na investigação. Segundo ele, Milton Ribeiro estava “ciente da execução de busca e apreensão”.

O Ministério Público Federal também viu interferência no caso e, com base nas ligações interceptadas e nas afirmações do delegado, pediu à Justiça para investigar eventual participação de Bolsonaro.

O juiz Renato Boreli, da 15ª Vara de Justiça Federal de Brasília, atendeu ao pedido do Ministério Público Federal e remeteu o caso para o STF.

G1