Ciro tenta aliança com… Aécio Neves!!

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Foto: Arte/Roberto Casimiro/Fotoarena e Daniel Marenco / Agência O Globo

Isolado nacionalmente, o pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, ainda tenta articular palanques nos estados para fortalecer sua candidatura. Em Minas Gerais, o partido de Ciro chegou a procurar um adversário histórico, o deputado federal Aécio Neves, do PSDB, para tentar formalizar uma aliança. Durante a última campanha presidencial, em 2018, Ciro chegou a dizer que Aécio foi “a maior decepção” que teve em sua vida política, em referência aos áudios em que o deputado pedia dinheiro emprestado ao empresário Joesley Batista.

As conversas, ainda iniciais, envolvem um apoio do PDT ao candidato tucano ao governo de Minas, Marcus Pestana, em troca do endosso ao presidenciável.

No estado, a negociação é tocada por Aécio e Pestana, do lado tucano, e pelos pedetistas Carlos Lupi (presidente da sigla) e Mário Heringer (deputado federal).

Segundo os envolvidos na operação, há a previsão de que Ciro se encontre com Aécio e com o postulante ao Palácio Tiradentes na próxima semana, quando o pré-candidato fará agendas da pré-campanha em Minas.

As negociações para que Ciro tenha um palanque em Minas deixam no passado os ataques que o ex-ministro já fez contra o tucano. No último ano, porém, a relação entre os dois, que já foram aliados no início dos anos 2000, ganhou sobrevida.

Antes de o PSDB firmar a aliança nacional com o MDB em torno da candidatura à Presidência da senadora emedebista Simone Tebet, o tucano afirmou que Ciro deveria ser chamado para participar das conversas da terceira via.

— Acho que Ciro Gomes deveria ser chamado para conversar. A terceira via deveria chamar Ciro para jantar, para que possamos ter algo, realmente, com musculatura, a fim de enfrentar uma polarização que se consolida um pouco mais a cada semana — disse Aécio em entrevista ao “Estado de Minas”, em abril.

Apesar da reaproximação entre os dois, uma aliança entre PDT e PSDB encontra obstáculos para se consolidar em Minas. O próprio acordo dos tucanos com o MDB na corrida presidencial é um entrave. Além do PDT, Pestana tenta atrair o apoio do diretório emedebista mineiro. As duas siglas historicamente estiveram em lados opostos no estado, com o MDB apoiando os governos petistas. Porém, se houver um acordo entre as duas legendas, o pré-candidato ao governo promete fazer campanha para Tebet.

Além disso, há conversas também entre Aécio e Romeu Zema (Novo), sobre a vaga de vice na chapa do governador mineiro. Um dos nomes cotados para ocupar o espaço é o do radialista Eduardo Costa, filiado ao Cidadania, que tem hoje uma federação com o PSDB. Caso esse acordo se concretize, o tucano não só deixará de lado Ciro Gomes, como também abandonará a candidatura de Pestana.

Mesmo diante deste cenário, o PDT de Minas acredita que é possível a aliança.

— Hoje o PDT mantém conversas com todos os partidos, inclusive com o PSDB, e não descarta coligações — diz Mário Heringer.

Uma ala pedetista também acredita que, caso o acordo no estado vingue, será possível ampliá-lo nacionalmente — hipótese vista como impossível pela cúpula do PSDB.

Ciro Gomes vai oficializar sua candidatura à Presidência no próximo dia 20, na convenção nacional do PDT, em Brasília. O partido justificou a escolha da data — no primeiro dia autorizado pela Justiça Eleitoral para as convenções — com a intenção de “aproveitar ao máximo o período eleitoral” com a candidatura do ex-ministro.

O prazo permitido para formalizar coligações é 5 de agosto, período limite das convenções. O pedetista corre contra o tempo para fechar alianças até lá. Ele busca o União Brasil e o PSD. O primeiro, no entanto, já tem pré-candidato ao Planalto, o deputado federal Luciano Bivar (PE). Já o segundo, dividido entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT), deve liberar seus membros a apoiar quem quiserem.

Nos estados Ciro também enfrenta dificuldades. Alguns candidatos aos governos estaduais, como Rodrigo Neves (RJ) e Weverton Rocha (MA), têm feito acenos a Lula e podem abandonar presidenciável do PDT. Já onde o partido não tem titular na chapa ao Executivo, o ex-ministro pode dividir o palanque com o petista, como é o caso de Santa Catarina, onde a sigla indicará o candidato ao Senado na chapa de Décio Lima, do PT.

O Globo