Lula e Alckmin querem transferir popularidade a Haddad
Foto: Nelson Almeida/AFP
A estratégia nas redes sociais dos principais candidatos ao Palácio dos Bandeirantes deixa claro os segmentos do eleitorado que são alvo das campanhas e a temperatura que a disputa deve assumir nos debates eleitorais. Em uma estratégia para tentar nacionalizar a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, o PT desenha uma campanha na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) estarão “colados” no ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
No Instagram, Haddad é recordistas no número de seguidores entre os concorrentes, com 2 milhões de usuários que o acompanham. O ex-ministro Tarcísio de Freitas aparece em segundo, com 1,7 milhão, seguido de Elvis Cezar (PDT), com 503 mil e Vinicius Poit, que tem 183 mil. O governador Rodrigo Garcia (PSDB) é o menos popular, com 101 mil seguidores, mas teve crescimento acelerado na última semana.
O PT pretende apresentar o mote de uma reconstrução nacional por meio de uma frente ampla que vai de Guilherme Boulos (PSOL) a Alckmin. O entorno de Haddad prevê que Garcia vai ser obrigado a fazer movimentos de aproximação com o eleitorado bolsonarista para chegar ao 2° turno. O decreto assinado nesta terça-feira, 20, por Garcia para que a Defensoria Pública ofereça assistência jurídica gratuita a policiais civis e militares acusados ou investigados por atos relacionados ao exercício profissional seria um sinal.
Investir na imagem de Lula nas redes de Haddad e na TV seria uma resposta a esse movimento. O ex-prefeito trouxe menções ao ex-presidente ou a programas de governo encampados por ele em ao menos 25 de suas 132 publicações no último mês no Instagram. Alckmin aparece seis vezes.
Membros da campanha apontam que o material de comunicação será com Lula e Geraldo “na veia”. A ideia é nacionalizar a disputa. A expectativa entre os petistas é que Alckmin tenha um papel de destaque, especialmente no interior, para atrair o voto dos tucanos moderados que rejeitam Bolsonaro e não enxergam Garcia como um nome do PSDB raiz.
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Segundo estrategistas do PT, as redes de Haddad mostram Lula na maioria das postagens chamadas de material estratégico, que são aquelas diferentes das chamadas “oportunidade de rede”. Programas de governo da gestão Lula também aparecem com frequência nas redes de Haddad.
No Instagram, o ex-presidente é apresentado mais de uma vez como um “amigo” do ex-prefeito, e não um padrinho. Em outras publicações, é tomado como uma “dupla de sucesso”.
A estratégia do do PT é similar à de Tarcísio, que desenha uma campanha na qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) estará cada vez mais presente nas redes sociais.
“A musculatura eleitoral do Bolsonaro e do Lula são fundamentais na manutenção dessa polarização”, aponta o cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rodrigo Prando. “Dos ministros do Bolsonaro, Tarcísio sempre foi entendido como mais técnico. Então ele tenta se ligar obviamente porque o bolsonarismo é forte também em São Paulo”, argumenta. No caso de Haddad, a figura consolidada de Lula Lula nas eleições presidenciais, de forma direta ou indireta, desde 1989 também o colocam como padrinho político forte.
No caminho inverso, o governador Rodrigo Garcia, que disputa a reeleição, adotou um discurso que rejeita os “padrinhos políticos” e ignora nas mídias sociais os presidenciáveis dos partidos que o apoiam: Luciano Bivar (União Brasil), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante) e Pablo Marçal (PROS). Garcia tenta trilhar um caminho sem associações nacionais e fora das grandes rejeições – ao se manter distante da polarização petismo x bolsonarismo e ao evitar a candidatura presidencial frustrada de João Doria (PSDB).