Partidos torram dinheiro em pesquisas neste ano
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Os partidos políticos brasileiros gastaram R$ 900 mil em pesquisas eleitorais este ano, aponta levantamento do Pulso com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo, nove legendas contrataram institutos, sendo o PP, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a que desembolsou mais recursos: R$ 192,6 mil.
Pesquisa Datafolha: Campanha de Bolsonaro tem explicação para números piores entre os mais ricos
Nada mudou?: Lula repete em 2022 o mesmo desempenho de 2006 a dois meses da eleição
O montante destinado a levantamentos eleitorais, no entanto, deve ser ainda maior, afirma João Francisco Meira, coordenador do Conselho de Opinião Pública da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) e diretor do instituto Vox Populi:
— É muito provável que o investimento dos partidos em pesquisas seja bem maior do que este (de R$ 900 mil), já que os partidos costumam comprar pesquisas para consumo interno da campanha, em especial para balizar ações estratégicas —explica o especialista.
Segundo ele, uma sigla registra pesquisa no TSE quando, em geral, tem interesse político em tornar o resultado público — visto que a legislação eleitoral obriga o registro no site da Corte para dar publicidade às informações
Além do dinheiro do Fundo Eleitoral, as legendas contratam levantamentos com recursos de suas fundações partidárias e, no caso de deputados e senadores, com verba de gabinete.
A sigla do ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL) pagou sete levantamentos diferentes no estado do Piauí, reduto eleitoral de Nogueira — todos usando recursos do Fundo. As pesquisas incluem perguntas sobre intenção de voto para presidente, avaliação do governo Bolsonaro e também da gestão da governadora do Piauí, Regina Sousa (PT).
Outro que investiu em pesquisas no estado foi o União Brasil, cujo pré-candidato a governador é o médico Sílvio Mendes. Lá, o levantamento contratado custou R$ 85 mil ao partido, que mensurou intenção de voto para governo e senado.
Pulso: Romário, Molon e Ceciliano: pesquisa qualitativa mostra prós e contras de cada um na corrida pelo Senado
Xingamentos: ‘Genocida’, ‘gado’ e ‘coroné’: o impacto de insultos virtuais na opinião pública
As disputas locais também levaram o Podemos, antiga legenda do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), a pagar R$ 100,8 mil do próprio bolso por dois levantamentos no Paraná realizados este mês. Um dos objetivos foi medir o quanto o apoio de Bolsonaro e do governador Ratinho Jr. (PSD) influencia no voto para senador. Vale lembrar, no estado, a sigla comandada por Renata Abreu tem como pré-candidato o senador Álvaro Dias, que deve disputar uma vaga contra Moro, seu ex-aliado.
O PL, de Bolsonaro, gastou R$ 30 mil com uma pesquisa no Rio Grande do Sul, onde o ex-ministro Onyx Lorenzoni é pré-candidato ao governo, e R$ 193,6 mil com quatro pesquisas em Sergipe, estado onde o nome a ser homologado é o do ex-prefeito de Itabaiana Valmir de Francisquinho.
A legenda do ex-governador Ciro Gomes (PDT) testou os nomes da governadora Izolda Cela e do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio em uma pesquisa de R$ 154,5 mil. O resultado foi usado para rifar Izolda da disputa.
Também registraram pesquisa, mas de menor valor, MDB (R$ 82 mil, em Alagoas e no Ceará), PT (R$ 50 mil, em Pernambuco), PSDB (R$ 7,2 mil, no Piauí), Solidariedade (R$ 4 mil, no Rio Grande do Norte).