Pesos pesados da economia fazem fila para falar com Lula

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Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

O ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva voltou a priorizar em sua agenda encontros com empresários e banqueiros para debater as principais diretrizes do programa econômico do PT. Ontem, Lula teve um almoço reservado com representantes do setor privado no restaurante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A reunião foi agendada pela coordenação da pré-campanha de Lula e contou com discrição dos participantes. O restaurante da Fiesp, no 16º andar do prédio da entidade na Avenida Paulista, foi reservado para sediar a reunião com empresários. Acompanharam o ex-presidente petista o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), cotado para a vice-presidente na chapa de Lula, o pré-candidato a governador de São Paulo Fernando Haddad (PT) e o economista e coordenador do programa de governo Aloizio Mercadante.

Participaram desse almoço Luiz Carlos Trabuco Cappi (Bradesco), Dan Iochpe (Iochpe Maxion), Carlos Alberto Sicupira (3G Capital), Luiza Trajano (Magazine Luiza), Jacyr Costa (Tereos), Fabio Coelho (Google), Roberto Azêvedo (Pepsico) e João Moreira Salles (documentarista e presidente do Instituto Moreira Salles). Josué Gomes, presidente da Fiesp, e Rafael Cervone, à frente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), também estiveram presentes.

Durante o almoço, Mercadante apresentou as diretrizes do programa econômico aos empresários. O plano aborda a proposta de revogação do teto de gastos e revisão do atual regime fiscal. Infraestrutura e medidas para conter a inflação foram alguns dos temas abordados durante o encontro.

O programa econômico do PT também defende um projeto de modernização da estrutura produtiva por meio da reindustrialização e do incentivo à produção agropecuária – tema de interesse do empresariado. Educação e meio ambiente também foram debatidos. O clima do almoço foi de disposição para o diálogo, segundo um empresário ouvido pela reportagem. Lula, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad saíram satisfeitos do encontro, de acordo com um petista ouvido sob reserva.

A Fiesp reforçou que o almoço de ontem não faz parte da agenda oficial da entidade e que os encontros com os pré-candidatos à Presidência da República para discutirem seus programas de governo serão realizados nas próximas semanas. Lula deverá voltar à entidade no dia 9 de agosto. O pré-candidato a presidente do PDT, Ciro Gomes, confirmou reunião com integrantes da Fiesp no dia 21 de julho.

Lula começou a se aproximar do empresariado paulista nas últimas semanas para tentar quebrar a resistência que parte deles mantém em relação a um terceiro mandato do petista. Geraldo Alckmin tem acompanhado o ex-presidente nesses encontros e sido uma espécie de fiador do petista e importante elo com o agronegócio, setor mais resistente ao ex-presidente. Lula tem enfatizado nas conversas com os empresários que Alckmin não desempenhará papel secundário em seu governo, caso seja eleito.

O ex-presidente tem se empenhado em apresentar um discurso mais moderado para empresários e banqueiros. No entanto, uma parte do setor privado ainda vê com desconfiança como o ex-presidente pretende conduzir a agenda econômica. Um empresário do setor de infraestrutura, que falou sob reserva, disse que é “difícil ler o Lula”, uma vez que o ex-presidente tem um discurso diferente para a militância do PT. Contudo, ele não acredita que Lula vá radicalizar, na hipótese de ser eleito.

De acordo com outra fonte do setor privado, que recentemente participou de um jantar com o ex-presidente, Lula tem deixado claro que revogar o teto de gastos não significa necessariamente que vá conduzir a economia de modo irresponsável. Segundo essa fonte, o petista está aberto ao diálogo e, apesar de transparecer que de fato há um discurso pronto para cada eleitorado, a expectativa é que as agendas acabem se alinhando.

Valor Econômico