Polícia bolsonarista do Paraná dirá que foi crime comum

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Foto: Reprodução

A Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Civil do Paraná anunciaram nesta terça-feira que a expectativa da força-tarefa coordenada pela delegada Camila Cecconello tem expectativa de concluir o inquérito policial sobre o homicídio do guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, que era líder do PT em Foz do Iguaçu, daqui a exatamente uma semana, na terça-feira, dia 19. Até o momento, oito pessoas já prestaram depoimentos, incluindo familiares do autor do crime, Jorge José da Rocha Guaranho, e testemunhas que estavam na festa de aniversário da vítima, onde ocorreu a invasão do agente penal bolsonarista. Arruda, que também estava armado, se defendeu e atingiu Guaranho, que esteve inicialmente internado no Hospital Municipal e depois foi transferido para o Hospital Ministro Costa Cavalcante.

A mãe do agente penal, Dalvalice Rosa, sustenta o relato de uma testemunha apresentado inicialmente à Polícia Civil do Paraná de que seu filho ouvia música relacionada ao presidente, Jair Bolsonaro (PL), enquanto passava de carro na noite de sábado pelo edifício da Associação Recreativa Esportiva Segurança Física (Aresf), da qual seu filho é diretor. A declaração dela foi dada ao portal UOL nesta segunda-feira.

No local do crime, Arruda comemorava seus 50 anos numa festa temática do partido. De acordo com a delegada Iane Cardoso, a vítima teria se incomodado com o som e foi para a parte externa pedir que o motorista saísse dali. Imagens de uma câmera de segurança mostram que eles discutiram e Arruda jogou pedregulhos no carro de Guaranho. Segundo Dalvalice, seu filho foi atingido no rosto e nas pernas.

Uma música relacionada a Bolsonaro que estaria tocando no carro do agente penal pode ter motivado a discussão entre eles que terminou com a morte de Arruda. O caso gerou ampla repercussão entre políticos no país, e também na imprensa internacional.

A delegada Iane Cardoso disse que, segundo uma testemunha, a música que “remetia a Bolsonaro” teria desagradado o aniversariante. Arruda teria então pedido que Guaranho se retirasse do local de sua festa. Enquanto ia embora, acabou respondendo algo para o guarda municipal. Segundo a delegada, há um vídeo que mostra essa interação entre eles, mas o conteúdo do que foi dito ainda será apurado a partir dos depoimentos de outras testemunhas. Uma pessoa que estava presente na festa relatou à polícia que o atirador teria dito “Aqui é Bolsonaro”. A discussão começou por volta de 22h40 de sábado. Guaranho teria também ameaçado de morte os presentes na festa de Arruda.

— Ele [Guaranho] saiu do local falando que ia voltar. De fato, ele voltou. E quando ele retornou, ocorreu toda a tragédia — disse Cardoso.

Os investigadores também vão analisar nessas imagens o momento em que algumas pessoas que aparecem chutando Guaranho, quando ele já está baleado e caído. Cardoso disse que os agentes vão buscar identificá-las, além de verificar se algum golpe prejudicou a condição de saúde do agente penal.

Outro ponto a ser investigado, de acordo com a delegada, é o porquê o agente penal foi até o local da festa, pois ele não era convidado.

Prisão preventiva decretada: ‘flagrado coloca em risco a ordem social’
A Justiça expediu nesta segunda-feira, a pedido do Ministério Público do Paraná, o mandado de prisão preventiva para Guaranho.

Ao determinar a prisão preventiva do investigado, a decisão judicial determinou que “resta evidenciado que o flagrado coloca em risco a ordem social, se revelando necessária a contenção cautelar para evitar a reiteração criminosa, sendo que as peculiaridades do caso concreto apontam ser imperiosa a manutenção da segregação cautelar, pois pelo que consta dos autos o flagrado, aparentemente por motivos de cunho político, praticou atos extremos de violência contra a vítima, que sequer conhecia, tendo invadido a sua festa de aniversário e após uma discussão inicial deixado o local, retornando cerca de dez minutos depois armado, efetuando na presença de diversos convidados os disparos de arma de fogo, em decorrência dos quais a vítima faleceu”.

Além disso, pontuou: “o flagrado atua na área de segurança pública – policial penal federal – o que eleva ainda mais a gravidade do delito considerando que este age (ou deveria agir) em nome do Estado, em prol dos interesses da coletividade. Portanto, a concessão da liberdade, neste momento, geraria sentimento de impunidade, serviria de estímulo à reiteração criminosa e colocaria em risco a sociedade”.

O Globo