Sudeste definirá rumo da eleição presidencial
Foto: MAURO PIMENTEL / AFP EVARISTO SA / AFP
A maratona de convenções partidárias nos estados entra na reta final. Até a próxima sexta-feira, o mapa eleitoral do país estará praticamente definido, com coligações estaduais aprovadas e nomes lançados. Pela legislação eleitoral, é possível que haja mudanças de nomes ao longo da campanha, mas as forças locais já estarão divididas em palanques que darão sustentação à disputa principal, pela cadeira de presidente da República. Com as pesquisas confirmando, a cada rodada, a polarização da disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual, Jair Bolsonaro (PL), os estrategistas traçam os planos para o período mais agudo da disputa, a partir do dia 16, com o início da propaganda eleitoral no rádio e na tevê.
Na mediana das pesquisas, Lula leva vantagem no Nordeste, enquanto Bolsonaro tenta evitar o avanço do petista nos estados do Sul, do Centro-Oeste e do Norte, onde Lula constrói um arco de acordos com o centro para diluir a influência dos governadores, bolsonaristas na maioria.
Mas é no Sudeste que a eleição será definida. As pesquisas não permitem apontar uma preferência entre um ou outro candidato. São Paulo, por exemplo, é berço da terceira via, que não decola com a candidatura de Simone Tebet (MDB-PSDB-Cidadania), mas tem potencial para atrapalhar (ou ajudar) Lula e Bolsonaro.
O Correio, com base nas últimas sondagens disponíveis em cada estado, mapeou a situação em cada colégio eleitoral, a praticamente dois meses para o primeiro turno das eleições.
NORDESTE
Com apoio de uma ampla gama de partidos e lideranças locais, principalmente do MDB, Lula aparece como franco favorito em praticamente todos os estados. Em alguns, terá até dois palanques para subir.
De acordo com a última pesquisa do Datafolha, na região o ex-presidente soma quase 60% das intenções de voto. Bolsonaro até melhorou seu desempenho, passando de 19% para 25% em um mês. Mas ainda são números impeditivos para tentar uma reação.
Para o comando da campanha bolsonarista, o objetivo será avançar no que for possível, com a ajuda do Auxílio Brasil, que começa ser pago em agosto.
SUDESTE
É onde nenhum dos candidatos que polarizam a disputa pode cantar vitória antes do tempo. São Paulo, domicílio eleitoral de um em cada cinco eleitores, promete sediar uma das disputas mais acirradas, com palanques fortes para Lula, Bolsonaro e a terceira via, com a candidatura do tucano Rodrigo Garcia à reeleição.
Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) resiste a apoiar oficialmente a recondução de Bolsonaro, enquanto Lula tem o palanque do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) à sua disposição.
No Rio, o petista tenta contornar a crise entre seu partido e o PSB em torno da candidatura ao Senado, mas o palanque do socialista Marcelo Freixo está garantido. No seu domicílio eleitoral, Bolsonaro fará dobradinha com o governador Cláudio Castro (PL), que tenta a reeleição.
No Espírito Santo, o PT integra o grande arco de alianças para reeleger Renato Casagrande ao Palácio Anchieta. O bolsonarismo se aglutina em torno de Carlos Manato (PL).
NORTE
Nos próximos dias, Lula fará um périplo pela região para consolidar alianças. O primeiro destino é o Amazonas, base de duas lideranças do MDB que fortaleceram a oposição ao atual governo na CPI da Covid: os senadores Eduardo Braga e Omar Aziz, que se uniram contra o bolsonarismo local.
Os governadores embarcaram na campanha pela reeleição do presidente. A exceção é o Pará, cujo governador Helder Barbalho e o pai, senador Jader Barbalho, ambos do MDB, são aliados de Lula. Mas os arranjos locais têm adiado o anúncio do apoio formal ao petista.
CENTRO-OESTE
Bolsonaro conta não só com o apoio de todos os governadores da região, como de opositores locais ligados à direita. Assim, há estados em que o presidente terá mais de um palanque à disposição.
Lula só conseguiu costurar apoios na esquerda para se manter competitivo. No DF, o PT não conseguiu construir uma coligação para enfrentar o governador Ibaneis Rocha (MDB). Com a esquerda dividida na capital, Lula terá três candidatos a apoiá-lo.
O ponto de interrogação é Mato Grosso, onde nenhum dos dois montou um palanque formal. Lula tenta avançar no terreno dominado pelo bolsonarismo, o agronegócio, com acenos para um dos líderes da Frente Parlamentar Agropecuária, o deputado Neri Geller, e para o ex-governador Blairo Maggi, ambos do PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
SUL
Região que deu, nas últimas eleições, apoio a Bolsonaro, agora é disputada palmo a palmo. No Paraná, Lula aposta no ex-governador Roberto Requião (MDB), enquanto Bolsonaro tem os apoios do governador Ratinho Júnior (PSD) e do correligionário Felipe Barros (PL).
Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, o duplo palanque bolsonarista se repete, mas Lula também terá dois locais para comícios.
No Rio Grande do Sul, PT e PSB devem seguir separados, enquanto o PL do ex-ministro Onyx Lorenzoni ainda negocia a desistência do senador Luiz Carlos Heize (PP) para unificar a direita.
Lula e Bolsonaro também garimpam votos na terceira via do ex-governador tucano Eduardo Leite, sobretudo no MDB.