Alckmin vai ao interior de SP pedir votos para o PT
Foto: Edilson Dantas
Oficializado como vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), inicia nesta terça-feira, 2, uma série de compromissos descolado do petista. A pedido de Lula, Alckmin pretende percorrer cidades do interior de São Paulo acompanhado de Fernando Haddad (PT), candidato ao governo paulista, e de Márcio França (PSB), que disputa o Senado.
A estratégia tem objetivo duplo: focar no eleitorado tucano que, pela primeira vez, está sem candidato à presidência e dar tração a candidatura de Haddad fora da capital.
Ao menos quatro agendas já foram pensadas com este objetivo. Alckmin passará a terça-feira ao lado de Haddad e Franca, em São Vicente, na Baixada Santista, base eleitoral de França. Enquanto isso, Lula estará no Nordeste, onde participa hoje de evento em Campina Grande (PB) e amanhã em Teresina (PI).
O roteiro de Alckmin prevê onze compromissos que iniciam em Santos, hoje pela manhã, e se estendem até o jantar. Outras agendas estão previstas para 6 de agosto, em Iguapé, no Vale do Ribeira, quando o trio visita a Basílica Católica do Senhor Bom Jesus de Iguape. Em 9 de agosto, passarão o dia no Vale do Paraíba. Outra agenda, em 13 de agosto, está prevista para Guarulhos.
Alckmin é considerado um virador de voto no interior de São Paulo. Em 2018, Fernando Haddad perdeu para Jair Bolsonaro por 8 milhões de votos no estado no segundo turno. Ao introduzir Alckmin no interior paulista, estrategistas da campanha esperam conquistar ao menos parte desse contingente. A avaliação é de que não há chance de vitórias em primeiro turno se a campanha de Lula não for atrás dos votos na populosa região do maior colégio eleitoral do país.
O grupo responsável alinhar essas estratégias se reuniu no final da última semana em São Paulo e definiu 50 maiores cidades do interior como prioritárias. Não haverá tempo de Alckmin visitar todas, mas pelo menos 20 delas poderão estar em agendas com Alckmin, Haddad e França. O grupo entende que é preciso focar em cidades entre 100 mil e 300 mil habitantes.
— Alckmin foi a pessoa que mais tempo ficou como governador de São Paulo. Ele entende o que pensa o eleitor paulista, a agenda também tem que ser o que ele falar para ser. Se quer tomar café na padaria, deixa ele fazer. Agenda dele, aos modos dele — afirma o secretário nacional de comunicação do PT, Jilmar Tatto.
Pessoas próximas a Alckmin afirmam ver margem para tentar atrair o eleitor de Rodrigo Garcia (PSDB) a votar em Lula em vez de Bolsonaro, mas veem como improvável virar o voto de um tucano para Haddad.A avaliação na campanha é que, frente ao discurso radical do atual presidente, poderá, em parte, migrar para o petista no cenário nacional por falta de opção de centro.
Um dos pontos em discussão é não “avermelhar” eventos com Alckmin, Haddad e França, seja no figurino dos candidatos, ou no painel que aparecerá de fundo dos discursos. Em atos públicos e conversas mais reservadas, o ex-governador deve levar o discurso de momento ímpar para defesa da democracia, sem deixar de exaltar Lula como um dos melhores presidente e pontuar resultados da gestão do ex-presidente no Planalto.
Esta equipe também ficou encarregada de procurar quadros políticos da velha guarda do PSDB — movimento que não será restrito necessariamente a tucanos —, como ex-prefeitos e ex-secretários da época em que Alckmin era governador. Entre os tucanos que já declararam voto em Lula está o ex-ministro das Relações Internacionais Aloysos Nunes. O PT também tenta atrair o apoio do ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB).