Bolsonaro ameaçou empresários para não assinarem carta democrática

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Foto: ateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Empresários relataram ao blog que o presidente Jair Bolsonaro, por meio de interlocutores, pressionou entidades empresariais a não assinarem o manifesto em defesa da democracia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) publicado nesta sexta-feira (5) nos principais jornais do país.

Intitulado “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, o manifesto foi divulgado com a assinatura de 107 entidades empresariais, entre as quais a Fiesp, Federação Brasileira de Bancos, Associação da Infraestrutura e Indústria de Base, Câmara Americana de Comércio, Fecomércio e Sindusfarma, entre outras.

O documento não cita o nome do presidente Jair Bolsonaro, mas faz uma defesa da democracia brasileira, das urnas eletrônicas e do Supremo Tribunal Federal e da Justiça Eleitoral. Apesar de não ser citado, Bolsonaro fez críticas ao manifesto, classificando-o de ato político contra ele.

Segundo empresários ouvidos pelo blog, interlocutores do presidente da República, em nome dele, ligaram para dirigentes de entidades empresariais pressionando para que não assinassem o documento. Nas conversas, os interlocutores lembravam de medidas adotadas em favor do setor empresarial e que, por isso, o governo avaliava como uma “ingratidão” a adesão ao manifesto da Fiesp.

Um empresário disse ao blog que o governo estava confundindo, nas conversas, uma defesa da democracia com a missão do Executivo de administrar o país e adotar medidas para fazer o Brasil crescer, em favor da população brasileira e não de beneficiar esse e aquele setor empresarial.

Segundo os empresários ouvidos pelo blog, com as críticas o presidente acabou “passando recibo” e reconhecendo que seus comentários atentam contra as instituições democráticas.

A própria equipe presidencial considerou um erro político os ataques de Bolsonaro às cartas em defesa da democracia, estimulando que mais entidades e personalidades assinassem o documento.

O próprio Bolsonaro seria convidado a assinar o documento da Fiesp quando iria comparecer a um evento da entidade de debates com candidatos. Ele acabou cancelando a ida para evitar a saia justa e o constrangimento de não assinar o manifesto da entidade industrial, subscrito por outros candidatos que estiveram na federação: Felipe D’Ávila (Novo), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).

Publicado hoje nos principais jornais do país, o manifesto da Fiesp será lido no dia 11 de agosto no evento convocado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), quando será divulgada oficialmente a “Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”.

G1