Candidato de Bolsonaro em SP aposta no antipetismo
A campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo planeja repetir, nos próximos debates, a receita usada neste domingo, quando centrou ataques a Fernando Haddad (PT) e reforçou a ligação com o presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro.
Pesquisas internas da campanha mostram que 40% dos eleitores de São Paulo que declaram voto em Bolsonaro ainda não sabem que Tarcísio é seu candidato. A avaliação é que há espaço para crescer. O ex-ministro aparece com 13% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha, empatado com o governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Segundo estrategistas do candidato do Republicanos, o método daqui para frente será “colar” Tarcísio a Bolsonaro, polarizando a eleição estadual ainda no primeiro turno. Por isso mesmo, interlocutores do candidato lamentaram o fato de Tarcísio não ter ido ao jogo do Palmeiras com o presidente, no domingo, em São Paulo mas afirmam que a agenda conjunta será reforçada nas próximas semanas. Nesta segunda, por exemplo, os dois estarão juntos em um almoço com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Tática pode esbarrar no risco da alta rejeição do presidente no estado
A estratégia, no entanto, pode ser arriscada, já que, segundo o Datafolha, 56% dos eleitores do estado não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum, ante 43% em Lula.
O debate de domingo, na Band, marcou a estreia de Tarcísio nesse tipo de arena. Com uma cola sobre a mesa, o candidato abriu sua fala agradecendo a Deus e à sua família, retórica também utilizada por Bolsonaro. Apesar da falta de jogo de cintura em alguns momentos, como quando foi questionado pela presença do ex-deputado Eduardo Cunha em sua convenção, a campanha avaliou como positiva a participação na dinâmica.
Um dos objetivos foi mostrar que Tarcísio conhece bem o estado de São Paulo, apesar de ter nascido no Rio, fato sempre rememorado por seus adversários. Para afastar a fama de forasteiro, o candidato citou nominalmente bairros paulistanos, como Vila Leopoldina e Barra Funda.
O ponto alto, porém, foi ainda no primeiro bloco, quando Tarcísio pediu ao público que pesquisasse no Google a frase “pior prefeito de São Paulo”, em indireta ao candidato petista, que segundo o Datafolha de julho de 2016, teve a pior avaliação já registrada pelo Datafolha entre os prefeitos de São Paulo que tentaram a reeleição.
“Nosso principal inimigo é o Haddad, e o grande assunto do debate foi o que posicionamos”, disse um aliado de Tarcísio. “A fala sobre o Google desestabilizou Haddad, e ele não conseguiu se recuperar.” Como resposta, Haddad pediu que os telespectadores procurassem por “genocida” no Google e atribuiu as mortes por Covid-19 a erros do governo federal sem mencionar diretamente Bolsonaro.
Globo