Ciro critica uso da religião na campanha, mas usa

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Foto: Keiny Andrade/Equipe Ciro Gomes

Em uma eleição marcada pela batalha pelo eleitorado religioso, o candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta segunda-feira que a esquerda petista “repete a tentativa de manipular a religiosidade do povo”. Ciro tentou se afastar das estratégias de seus adversários (Lula e Bolsonaro) para capturar esse público, apesar de também estar acenando para os eleitores cristãos nos últimos meses.

— Não faz justiça a mim dizer que eu faço a mesma coisa que Lula e Bolsonaro, o que eu estou tentando é restaurar a virtude republicana de compreendermos que o papel do Estado é proteger a liberdade e a tolerância religiosa, na medida que a esquerda petista repete a prática de tentativa de manipular a religiosidade do povo, de forma corrupta, o fascismo já ganhou — disse Ciro, que é o terceiro colocado na disputa presidencial.

Na semana passada, Ciro já havia criticado a uso da religiosidade para “manipular” eleitores. O pedetista, no entanto, já gravou dois vídeos direcionados a esse público, um inclusive com a bíblia na mão, em que cita alguns princípios da religião Cristã.

O candidato do PDT deu a declaração desta segunda-feira a jornalistas antes de uma agenda do pedetista com empresários do Instituto Desenvolvimento do Varejo (IDV), na cidade de São Paulo. O grupo reúne grandes companhias do setor, como Magazine Luiza, Via e Americanas. O instituto é presidido por Jorge Gonçalves, da Telhanorte Tumelero.

Aos empresários, Ciro defendeu a intervenção do Estado na economia. Ele rebateu uma fala em defesa da intervenção mínima feita pelo proprietário da rede Riachuelo, Flávio Rocha, durante o evento. O bate-boca entre o empresário e o político se intensificou a ponto de Ciro falar: “por favor, Flávio, se desintoxica”.

— O que eu quero desenhar é um Estado objetivamente encarregado de promover as tarefas aos quais o setor privado não é capaz de fazer. Se não, me responde: Qual foi a nação que lançou sua infraestrutura sem o Estado? Qual foi a nação que atingiu maturidade tecnológica sem a presença pioneira do Estado?

Flávio Rocha apoiou Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2018, mas depois se disse frustrado pela condução da economia feita pelo atual governo. No pleito passado, Ciro e Rocha já haviam tido um bate-boca pelo mesmo tema. O empresário afirmou, na época, que o pedetista propagava “a ideologia do bolivarismo socialista”.

Durante o evento, Ciro chamou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “irresponsável” por dizer aos eleitores que “vai reproduzir picanha e cerveja”:

— Essa memória afetiva é mentirosa. Ele nunca promoveu picanha e cerveja para o povo — disse Ciro Gomes.

O IDV convidou os candidatos mais bem colocados nas pesquisas para conversas com o setor, e já se reuniu com Simone Tebet (MDB). Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia aceitado o convite, mas não pode comparecer, enviando seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PDT), e o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante (PT), em seu lugar.

Ciro foi ao evento junto com os candidatos do PDT paulista ao governo estadual, Elvis Cezar, e ao Senado, Aldo Rebelo.

O Globo