Dilma exige distância de Temer
Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE
Cercada de expectativas pela presença de desafetos políticos num mesmo ambiente, a posse de Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi cercada de cuidados para evitar constrangimentos maiores. Para garantir a presença da ex-presidente Dilma Rousseff, o cerimonial da Corte teve que atender a uma exigência da petista. Ela não se sentaria ao lado de Michel Temer, seu sucessor após o impeachment.
Segundo O GLOBO apurou, Dilma só aceitou ir à solenidade após receber a informação de que ficaria a duas cadeiras de distância de seu ex-vice-presidente. Na primeira fileira do plenário do TSE, os ex-presidentes sentaram na seguinte ordem, da esquerda para a direita: Dilma, José Sarney, Luiz Inácio Lula da Silva e Temer.
Depois da posse, durante confraternização dos convidados, deputados de partidos de esquerda conversaram sobre a posição irredutível de Dilma. Segundo um deles, o caso chegou até mesmo a ser monitorado por Moraes. A postura da ex-presidente, que condicionou sua presença à “distância regulamentar”, também foi considerada “um papelão” por aliado do PT.
Cassada pelo Congresso em 2016, Dilma nunca perdoou Temer pelos momentos que antecederam o impeachment. Até hoje, considera que o ex-vice foi um dos articuladores da deposição.
Durante a solenidade, Lula, por sua vez, conversou por um bom tempo com Temer. Ambos estavam de frente para Jair Bolsonaro, que ocupou uma cadeira na mesa das autoridades e chegou a sorrir ao lado de Moraes.
Após o evento que reuniu as principais autoridades da República, Dilma quase foi atropelada por cinegrafistas quando Lula foi assediado pela imprensa, que tentava registrar alguma declaração do candidato do PT à Presidência. Em gesto de deferência e preocupação, o petista puxou Dilma para frente e impediu que a ex-presidente ficasse deslocada.
Lula elogiou o discurso de Moraes, que defendeu o processo eleitoral e as urnas eletrônicas.
— O discurso do Alexandre foi a confirmação da democracia neste país. Hoje foi um ato muito forte para que não se elimine o processo eleitoral democrático — disse o ex-presidente.