Entenda por que Lula demorou a assinar a carta democrática
Foto: Evaristo Sá/AFP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou o manifesto pró-democracia organizado por entidades e por alunos da Faculdade de Direito da USP.
A “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, já foi endossada também pelos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB e Luiz Felipe D’Ávila e pelos ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
A Folha revelou na sexta (5) que aliados do petista vinham estimulando a sua adesão ao movimento, sob o argumento de que estava afastado o risco de o gesto ser interpretado como eleitoreiro.
De acordo com pessoas próximas, Lula inicialmente resistiu a assinar o manifesto por receio de dar um caráter político-eleitoral ao movimento e ser acusado de tentar instrumentalizar a iniciativa.
Diante da ampla lista de signatários, porém, aliados de Lula avaliaram que seria importante ratificar o documento para marcar posição e fazer um contraponto a Jair Bolsonaro (PL), que tem feito diversas manifestações golpistas e colocado em xeque a lisura das urnas eletrônicas.
O presidente tem ainda mostrado incômodo com o documento pró-democracia, que define como “cartinha”.
A carta já tem a adesão de 793 mil pessoas, entre elas banqueiros e empresários como Pedro Moreira Salles, Candido Bracher e Roberto Setubal, do Itaú, Fabio Barbosa, Guilherme Leal e Pedro Passos, da Natura, Walter Schalka, da Suzano, Eduardo Vassimon, da Votorantim, Blairo Maggi, do Grupo Amaggi, e o pecuarista Pedro Camargo Neto.
Endossam também a carta artistas e personalidades como Chico Buarque de Hollanda, Luciano Huck e Casagrande, além de juristas, economistas e acadêmicos.
O texto foi organizado por ex-alunos da Faculdade de Direito Largo São Francisco, da USP (Universidade de São Paulo), e contou com o apoio posterior de movimentos como o grupo Prerrogativas, que reúne juristas e advogados.
“Lula é o único político brasileiro que de fato não precisaria assinar qualquer carta ou manifesto em defesa da democracia. Seu compromisso com o Estado de Direito é inegável”, diz o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas e próximo do presidente.
“Nunca, em momento algum, desrespeitou as instituições, e nem tão pouco o nosso sistema eleitoral, que é, inclusive, paradigma para todos os países do mundo. Com ele, perdeu e ganhou eleições, sempre dentro das regras do jogo”, segue ele.
“Seu apoio, entretanto, é extremamente importante . E é um passo a mais na direção da expressiva adesão de 1 milhão de brasileiros e brasileiras. A adesão do Presidente Lula e de sua esposa Janja tem, ainda, forte caráter simbólico, pois se deu há exatos 45 anos da leitura da carta de 1977 [lida na mesma Faculdade de Direto em favor da democracia]”.