Esquerda do Rio está prestes a se suicidar

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Foto: Reprodução

A Executiva Nacional do PT reúne-se hoje para deliberar sobre o posicionamento do partido no Rio de Janeiro diante da manutenção, até o momento, da candidatura ao Senado do deputado Alessandro Molon (PSB). A tendência é de que, se não houver recuo do PSB, a cúpula nacional do partido acompanhe a decisão do PT fluminense tomada na terça-feira e aprove o desembarque petista do palanque de Marcelo Freixo (PSB).

Existe a expectativa de que o partido chegue a um entendimento com Rodrigo Neves (PDT) para apoiá-lo na disputa ao governo do Estado. O secretário-geral de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, afirmou ao Valor na manhã de ontem que o PSB tem até amanhã para rever a posição e aceitar o nome do deputado estadual André Ceciliano (PT) para disputar o Senado na chapa encabeçada por Freixo.

“Teremos um encontro da Executiva de maneira não presencial e acho que, pelo nosso sentimento, não vai precisar nem de votação”, disse Tatto. O dirigente do PT afirmou que o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, deve ir a São Paulo para estabelecer as bases da negociação com o partido em relação ao apoio petista a Rodrigo Neves.

“Com essa nova configuração, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, deve entrar de cabeça na campanha de Lula no Estado. Lula teria dois palanques no Rio: o de Neves e o de Freixo”, pensa Tatto. Lula, entretanto, já deu diversas demonstrações recentes de apoio a Freixo no Estado. “É preciso acabar com as dúvidas que há muito tempo ouço. O meu candidato no Rio se chama Marcelo Freixo”, afirmou o petista por exemplo em 7 de julho, durante um ato na capital fluminense. Procurado pelo Valor, Carlos Lupi disse que não conversou com o PT.

Na noite de segunda-feira, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, participou de várias reuniões para tentar resolver o impasse no Rio de Janeiro. Diante da insistência de Molon, ele teria dito que não há mais o que fazer e descartou adotar medida de força, sugerida por membros da Executiva Nacional do PSB na semana passada, que seria intervir no diretório da sigla no Rio de Janeiro. Com isso, Molon manteve o respaldo da cúpula do partido.

Um dos encontros do dirigente nacional do PSB foi com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que trabalha para o entendimento entre o PT e o PSB no Rio de Janeiro.

Nos bastidores, Siqueira avalia que a balança de apoios entre PT e PSB está desequilibrada se forem levadas em conta as negociações em outros Estados.

O principal exemplo utilizado é o de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, onde o ex-governador Márcio França abriu mão da cabeça de chapa e se lançou ao Senado numa composição com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT). No Rio Grande do Sul, após disputa com o PT local, o ex-deputado Beto Albuquerque (PSB) desistiu da corrida pelo Palácio do Piratini.

Dentro do PSB, o próprio Marcelo Freixo tem feito esforço para convencer Molon a desistir da candidatura. No partido, a desistência continua sendo defendida, entre outros integrantes, por Márcio França, Paulo Câmara, o deputado Danilo Cabral, candidato do PSB ao governo de Pernambuco, pelo ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, e pelo prefeito do Recife, João Campos.

Há uma preocupação crescente da Executiva Nacional do PSB com o que classificam de “isolamento” de Siqueira. Existe o temor de que o caso tenha impacto na construção da frente ampla em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Integrantes do partido lembram que Siqueira é o fiador da aliança com Lula e também um dos principais responsáveis pela situação do Rio de Janeiro ter chegado a este ponto. Procurado pelo Valor, Siqueira não falou sobre o assunto.

Há sinalizações por parte do PT nacional de que, se a candidatura de Molon for mesmo mantida, Lula poderia diminuir a carga de apoio à candidatura de Danilo Cabral em Pernambuco, uma eleição considerada difícil pelo partido. A principal adversária do PSB local é a ex-petista Marília Arraes (Solidariedade). A deputada lidera com folga todas as pesquisas recentes.

Dirigentes do PT lembram que Lula cumpriu todos os acordos em Pernambuco ao retirar a pré-candidatura do senador Humberto Costa (PT) ao governo estadual e reafirmar, em atos públicos, que seu único candidato no Estado era Danilo Cabral.

Valor Econômico