Lula usará Zona Franca contra Bolsonaro no Amazonas

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Foto: Reprodução

Numa investida para tentar manter a vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) no Amazonas, o candidato do PT à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, deverá viajar a Manaus nesta semana e focar num dos assuntos mais sensíveis para o eleitorado do Estado: a Zona Franca. Uma mudança no IPI afetando as indústrias instaladas no Estado teve imensa repercussão política local e fragilizou Bolsonaro.

No início do ano o governo federal cortou o IPI, por meio de dois decretos, até o limite de 35%. Este decretos foram suspensos em liminares pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, justamente porque prejudicavam a competitividade da Zona Franca de Manaus.

Na prática, um IPI mais baixo em todo o Brasil, medida que favorece o setor industrial nacional como um todo e demanda antiga do empresariado, afeta a competitividade da indústria instalada na Zona Franca e pode significar menos créditos tributários para as fábricas que atuam na região.

Na última pesquisa Ipec divulgada, com entrevistas entre 21 e 23 de agosto, Lula conseguiu no Amazonas 48% das intenções de voto, contra 35% do presidente. Ciro Gomes (PDT) ficou com 6% e Simone Tebet (MDB) com 1%.

A forte presença do eleitorado evangélico no Estado, que representa 33% da população, tem servido de sustentação para Bolsonaro no Amazonas, segundo levantamento feito pelo instituto Ipec. Entre os evangélicos amazonenses, o presidente alcança 50% e Lula fica com 34%.

A previsão é que Lula desembarque na capital amazonense na quarta-feira, 31, onde se encontrará com outros nomes da oposição, como Eduardo Braga, candidato do MDB ao governo do Estado, e o senador Omar Aziz, que concorre à reeleição pelo PSD. Juntos, os três devem atacar principalmente as iniciativas tomadas pelo Ministério da Economia de promover os cortes no IPI.

Lula e sua chapa devem fazer acenos para uma “revisão completa” de todos os decretos relacionados ao tema, caso o PT venças as eleições em outubro.

A ofensiva busca não apenas tirar votos de Bolsonaro, mas afetar também a popularidade do atual governador Wilson Lima, candidato do União Brasil à reeleição que está alinhado com o Palácio. Com isso, a ideia do PT é ensaiar uma recuperação que beneficie tanto Braga como Aziz.

Atualmente, Braga está em desvantagem no cenário estadual. A disputa pelo governo do Amazonas está empatada entre Lima e o ex-governador Amazonino Mendes (Cidadania), ambos com 30%. O candidato apoiado por Lula não passa de 16%.

Na disputa pelo Senado Aziz lidera com 29%, ante 25% de Arthur Virgílio Neto (PSDB).

Toda a pressão eleitoral fez a equipe econômica recuar. Nesta semana, o Executivo publicou novo decreto que mantém o corte de 35% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), mas eleva de 61 para 170 o número de produtos relevantes para a Zona Franca de Manaus, que terão as suas alíquotas originais preservadas, de forma a proteger a competitividade das empresas na região.

O decreto preserva quase 100% dos produtos industriais relevantes fabricados no Amazonas. Entre eles, estão, por exemplo, isqueiro de bolso, caneta esferográfica, máquina de lavar louça, interfones e amplificadores.

A pesquisa do Ipec tem margem de erro de três pontos percentuais para cima ou para baixo e foi feita com 800 entrevistas. O número de registro no TSE é 09878/2022.

Valor Econômico