Pastora evangélica completa um ano presa

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Foto: Igo Estrela/Metrópoles

No dia 13 de agosto de 2021, por volta das 15h, a Polícia Civil chegava a casa da pastora e ex-deputada federal Flordelis para realizar sua prisão. Ela é apontada como mandante da morte do marido e também pastor, Anderson do Carmo, executado no dia 16 de junho de 2019 no portão do casal, em Pendotiba, Niterói, região metropolitana do Rio. Neste sábado, (13/8), a prisão completa um ano.

Pastora, cantora e ex-deputada federal, Flordelis ganhou visibilidade no meio evangélico com a carreira musical e pela liderança exercida nas oito igrejas sob sua influência na região metropolitana do Rio. Todos os endereços acabaram fechados após a prisão.

Na cadeia, a relação com o evangelho gerou uma aproximação com outras detentas.

Janira Rocha, advogada de defesa de Flordelis, afirma que sua cliente foi acolhida e bem tratada pelas novas colegas, que pediam por orações. A advogada alega que algumas detentas chegaram a pedir autógrafos em bíblias.

“Ela tem uma vida bem ativa na prisão. Aos domingos, são realizados cultos e ela acaba sendo convidada a cantar, orar e pregar”, conta a advogada da ex-deputada.

Em uma programação especial Dia das Mães, com visitas de familiares, Flordelis chegou a fazer uma oração no evento. E, segundo sua defensora, a participação emocionou as demais detentas.

“Ela sofre muito pelo fato de estar presa. Em um dia, ela está animada, esperançosa, em outro, parece estar deprimida. Isso também acaba acontecendo devido ao atraso da entrada dos medicamentos levados pela família”, explica Janira.

Dona de igrejas e conhecida pela voz marcante no meio evangélico, Flordelis foi presa dois dias após ser cassada na Câmara dos Deputados e perder a imunidade parlamentar. Segundo a defesa, foram duas derrotas muito grandes:

“Foi uma experiência completamente traumática. Ela passou pelo processo de cassação, no dia 11 e no dia 13, foi presa. Já esperávamos que ela perderia a imunidade parlamentar e diante de tudo que estava sendo feito, já era esperado que ela fosse presa, a situação era muito desfavorável para a Flor. Quando isso aconteceu, foram duas grandes derrotas. Ela já vinha em um processo de cancelamento enorme, então aquilo foi o fundo do poço. Foi tudo muito pesado emocionalmente”, disse Janira Rocha, advogada de defesa de Flordelis, ao Metrópoles.

Flordelis responde por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Já as filhas Marzy Teixeira da Silva, Simone dos Santos Rodrigues e André Luiz de Oliveira são acusadas por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. A neta Rayane dos Santos Oliveira responde por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.

Amparada a todo momento pelos advogados, Flordelis se preparou para ser presa. Tirou os apliques que gostava de usar no cabelo, as unhas de gel, comprou roupas para levar ao presídio e, no dia da prisão, passou a sexta-feira (13/8) rodeada pela família.

“Foi um momento de muita comoção. As filhas e as netas choravam muito. Quando soube da chegada da polícia e do mandado de prisão, ela fez uma live, disse que seria presa e pediu para que as pessoas continuassem orando por ela”, lembra Janira.

Na live, Flordelis negou as acusações e disse não ser uma assassina. “Façam uma corrente de oração. Estou indo presa, mas estou de cabeça erguida. Não fiz nada, não cometi nenhum crime. Não sei para que Deus está me deixando passar por isso, mas para tudo tem um propósito”, disse a pastora em um vídeo publicado em suas redes sociais, que somam mais de 800 mil seguidores.

 

Presa no Instituto Penal Talavera Bruce, em Bangu 8, Flordelis divide cela com grávidas e mulheres com comorbidade. Segundo a defesa, a pastora tem um histórico de saúde marcado por três AVC’s, quadros de desmaios e convulsões. A advogada diz que a própria médica do presídio determinou que Flordelis ficasse em uma cela especial.

Mãe de mais de 50 filhos, entre biológicos e adotivos, a pastora recebe o apoio de parte da família. Uma vez por semana, ela recebe a visita da mãe, da irmã e de uma filha. Entretanto, nos dois primeiros meses de prisão, não recebeu visita nenhuma além da advogada.

Segundo Janira Rocha, houve um problema na concessão de carteirinhas para novos visitantes, o que impediu as visitas de parentes.

Duas vezes na semana, os advogados fazem um rodízio de visitas para encontrar Flordelis e conversar sobre o processo. Durante o último ano, ela não recebeu nenhuma visita do então namorado Allan Soares, com quem assumiu um relacionamento após a morte do pastor Anderson do Carmo.

Além da família, Flordelis recebe o apoio dos pastores evangélicos que vão ao presídio realizar os cultos.

A ex-deputada foi escolhida para ser monitora da cela. Nesta função, ela assume a responsabilidade de controlar horários de atividades como banho, comida e o tempo no pátio.

Rodrigo Faucz, outro advogado de Flordelis, alega que a ex-deputada e sua família, no momento, enfrentam problemas financeiros: “Ela não tem renda e não tem igreja. Por isso, sua família passa por dificuldades para se manter. São muitas pessoas que precisam lutar bastante, diariamente, para pagar as contas”.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro marcou o julgamento da pastora Flordelis, da neta Rayane dos Santos Oliveira, da filha afetiva Marzy Teixeira da Silva, do filho afetivo André Luiz de Oliveira e da filha biológica Simone dos Santos Rodrigues, para 12 de dezembro deste ano.

Marzy Teixeira da Silva, Simone dos Santos Rodrigues e André Luiz de Oliveira são acusados de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. A neta Rayane dos Santos Oliveira responde por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.

Metrópoles