Alckmin está vencendo antipatia entre petistas

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Foto: Reprodução

Vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) recalibrou o discurso para se adequar aos novos aliados, mas não abandonou o jeito peculiar de fazer política, que tem como marca o “alckmês”, um cardápio de expressões e causos repetidos rotineiramente para diferentes plateias.

O mesmo Alckmin que em 2016, durante as investigações da Lava-Jato sobre o sítio de Atibaia, dizia que Lula estava “sitiado”, agora costuma encerrar suas falas destacando que “Lula cai bem com chuchu”.

No último dia 29, ele contou a um grupo de empresários uma de suas anedotas sobre os percalços em busca de voto quando era candidato à prefeitura de Pindamonhangaba, no interior paulista, em meados da década de 1970. Ele fora à casa de uma família, tomou cafezinhos e ouviu pacientemente as reclamações sobre a cidade. Ao sair, pediu voto dos moradores, mas ficou surpreso com o que viria a seguir:

— Me pediram o dinheiro do ônibus. Eu disse ‘mas a seção eleitoral é ao lado’. Ela (a eleitora) então respondeu: ‘é que todos aqui votamos em Itajubá, em Minas Gerais’ — disse Alckmin na Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base.

Para aliados, o ex-tucano tem usado o humor para suavizar a imagem austera diante da militância petista, que o criticava. Essa estratégia também tem servido para tornar Lula mais palatável a setores onde enfrenta resistência, como o empresariado, o agronegócio e os evangélicos.

O discurso de Alckmin tem se mostrado afinado com o do líder petista. Ao assinar a ficha de filiação ao PSB como vice de Lula em março, recorreu a uma espécie de mantra de suas campanhas e afirmou que “política se destina a cuidar de gente”. Atualmente, um dos motes do petista é “nós queremos cuidar do Brasil”. Ao se dirigir a segmentos religiosos do eleitorado, Lula tem dito que “vai cuidar de católicos, evangélicos e de todos com carinho”. Em panfleto que o PT distribuirá nas ruas para o segmentos evangélico com as fotos de Lula e Alckmin, os candidatos afirmam querer “cuidar da criação de Deus”.

Em outra frente, Alckmin tem participado ativamente da campanha do candidato ao governo estadual Fernando Haddad (PT), que, segundo aliados, tem se esforçado para manter o fôlego diante da animação do ex-governador. Na semana passada numa agenda no interior, onde Alckmin serve como antídoto contra o antipetismo, inventou uma caminhada que não estava na agenda. Depois, em uma Santa Casa, fez o petista atravessar a rua e improvisar visita a uma maternidade. Haddad tem sido receptivo e incorporou bandeiras do ex-tucano, como Bom Prato e Poupatempo, a seu plano de governo.

O Globo