Bolsonaristas estão matando geral país afora

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Foto: CHRISTIAN RIZZI / AFP

Casos de violência política se multiplicam a poucos dias das eleições e passam a ter cada vez mais destaque no debate eleitoral. Desde o assassinato de um apoiador do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Foz do Iguaçu (PR), em julho, até à morte de um eleitor petista a facadas no interior de Mato Grosso, nesta sexta, os casos de agressões e mortes aumentam em todo o País.

Apesar de as autoridades estarem tomando medidas para tentar conter os casos de violência, o discurso cada vez mais polarizado das campanhas eleitorais não contribui para um clima de pacificação. Enquanto o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) menciona a luta do “bem contra o mal” durante seus discursos, Lula relacionou recentemente apoiadores do presidente a membros do grupo supremacista branco Ku Klux Klan. Relembre:

Um dos primeiros casos de violência política com repercussão ocorreu em julho na cidade de Foz do Iguaçu. O guarda municipal Marcelo Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos em uma festa com o tema do Partido dos Trabalhadores, quando foi assassinado por um homem identificado com o bolsonarismo.

O agressor teria interrompido a festa momentos antes e ameaçado os convidados com uma arma. Momentos depois, Jorge José da Rocha Guaranho, que é agente penal federal, abordou o homem no estacionamento do local, sacou a arma e começou a efetuar os disparos. Arruda tentou se defender com sua arma funcional, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Um homem foi baleado no final de agosto em uma igreja da Congregação Cristã no Brasil (CCB), em Goiânia, por causa de discordâncias políticas com outro fiel. Davi Augusto de Souza foi baleado pelo policial militar Vitor da Silva Lopes após ambos começarem uma discussão sobre as orientações da igreja, contrária a candidatos de esquerda, para as eleições deste ano. Lopes alegou legítima defesa, enquanto o irmão de Souza afirmou que o PM teria iniciado as discussões.

Durante as manifestações de 7 de setembro — bicentenário da Independência —, o deputado estadual e candidato à Câmara dos Deputados Delegado Cavalcante (PL-CE) afirmou que, em caso de derrota de Bolsonaro nas eleições deste ano, a vitória viria “na bala”. “Se a gente não ganhar nas urnas, se eles roubarem nas urnas, nós vamos ganhar na bala”, disse durante manifestação em Fortaleza, seguido pelos aplausos dos manifestantes.

O deputado ainda fez mais críticas ao sistema eleitoral ao afirmar que Bolsonaro teria vencido as eleições de 2018 ainda no primeiro turno. “Não temos medo dessa corja, esses pilantras que acabaram com o Brasil. Não vamos deixar que nosso presidente perca a eleição”, afirmou.

Um apoiador de Bolsonaro foi agredido por militantes petistas nesta sexta-feira, 9, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Rodrigo Duarte passava devagar na frente do Clube dos Tamoios, onde Lula participaria de um evento. Ele estava em um carro com adesivos que mostravam o ex-presidente vestido de presidiário.

Apoiadores petistas bateram no carro e Duarte desceu do veículo filmando os militantes. O homem teve o celular retirado de sua mão e foi agredido. Um dos golpes causou um sangramento em sua cabeça.

O apoiador de Jair Bolsonaro (PL), Rafael Silva de Oliveira, foi preso após matar o apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Benedito Cardoso dos Santos, a facadas. O crime ocorreu após uma discussão política na cidade de Confresa, em Mato Grosso, durante o feriado de 7 de Setembro.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Santos trabalhava na mesma fazenda onde Oliveira era empregado e, após horas de discussão, ele teria acertado um soco em Oliveira por causa de suas posições políticas. Em resposta, Oliveira teria puxado uma faca e desferido golpes nas costas, nos olhos, na testa e no pescoço de Santos. Depois disso, Oliveira ainda teria tentado decapitar a vítima.

O homem foi preso após buscar atendimento médico nos arredores em razão de um corte na mão.

Autoridades vêm tomando medidas para conter casos de violência com motivações políticas neste ano. A recente decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que suspendeu decretos do governo federal sobre a flexibilizações do porte de armas, e posteriormente criticada por Bolsonaro, é um exemplo disso.

No final de agosto, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, também se reuniu com comandantes da Polícia Militar, para discutir medidas de segurança para o dia do pleito. Além disso, os ministros do TSE decidiram por unanimidade, no último dia 31, pela proibição do porte de armas nas proximidades das seções eleitorais e prédios da Justiça Eleitoral. A medida vale pelas 48 horas que antecedem a votação e as 24 horas seguintes ao pleito.

Os discursos dos dois candidatos à frente nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência não vêm ajudando a acalmar os ânimos. Bolsonaro se utiliza de um discurso em tom religioso e cita a luta do “bem contra o mal” para agitar sua militância.

Em seu discurso durante o 7 de Setembro, em Brasília, ele recorreu à mesma citação. “Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal. O mal que perdurou por 14 anos em nosso país, que quase quebrou a nossa pátria, e que agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão”, afirmou.

Lula, por sua vez, criticou o “estímulo ao ódio”. No entanto, após os protestos de 7 de Setembro, o candidato petista chegou a comparar manifestantes bolsonaristas a membros do grupo supremacista branco Ku Klux Klan.

“(Bolsonaro) roubou o direito do povo brasileiro de comemorar o Dia da Independência. Fez de uma festa do País uma festa pessoal. O ato do Bolsonaro parecia uma reunião da Ku Klux Klan. Só faltou o capuz. Não tinha negro, pardo, pobre, trabalhador…”, afirmou nesta quinta-feira, 8, durante comício em Nova Iguaçu (RJ).

Estadão