Bolsonaro “importa” manifestantes em 7/9

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Foto: Reprodução

Direitistas de todo país se organizam para ir a Brasília no ato de 7 de Setembro de 2022, convocado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). O movimento de organização das caravanas é particularmente intenso em Goiás, estado muito visitado pelo atual presidente e onde ele tem saído à frente nas pesquisas eleitorais. Conta ainda, a favor, o fato da maior proximidade geográfica com o Distrito Federal.

É corriqueiro andar pelas ruas de Goiânia e encontrar carros com adesivos relacionados a Bolsonaro. Também são comuns bandeiras, bandeirolas e outros apetrechos temáticos do presidente.

O movimento se estende ainda para as redes sociais, território preferido, desde as eleições passadas, para disseminação das mensagens bolsonaristas. São em aplicativos de mensagens que são organizados vários ônibus para a chamada “Caravana, pela última vez”, nome dado pela organização política Direita Goiás.

A passagem para sair na caravana de Goiânia ou Anápolis às 3h da madrugada sai a R$ 40. O pagamento e negociação é feito pelo WhatsApp, que está até congestionado, segundo o movimento. São previstos, até agora, dez ônibus saindo do estacionamento de um ginásio da capital.

Para ajudar a causa, teve gente que até patrocinou a ida de outra pessoa, pagando a passagem para quem não tem condições. A previsão de retorno é 12h, após desfile militar, segundo organizadores.

A convocação nos grupos de mensagens e nas redes sociais continua sendo feita a pleno vapor.

Cidades goianas mais distantes também estão organizando caravana para Brasília, caso de Mineiros, município a mais de 600 km da Esplanada dos Ministérios. A cidade fica na região sudoeste, berço do agronegócio e onde Bolsonaro tem muitos apoiadores. Nesse caso, a passagem é gratuita, além de ter água e lanche dentro dos ônibus.

Agricultores da cidade estão pagando pelo menos dois ônibus para levar manifestantes para o 7 de Setembro, mas o número de veículos pode aumentar, dependendo da demanda. “Tem mais ônibus se tiver mais gente”, explicou uma organizadora.

Bolsonaristas do interior do estado também se organizam para ir até Goiânia ou Anápolis de carro, para em seguida seguir na caravana de ônibus. O Metrópoles apurou que também tem ônibus com destino a Brasília saindo do Mato Grosso, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo e Bahia.

Os dois principais pontos onde o presidente já confirmou presença este ano no 7 de setembro são a capital federal e o Rio de Janeiro. Nos dois locais ele deve participar dos desfiles e falar com os presentes.

O “pela última vez” usado pelos manifestantes é uma referência ao discurso de Bolsonaro na convenção no último 24 de julho, em que ele convocou os apoiadores para o ato no Dia da Independência. “Vá às ruas pela última vez. (…). Estes poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo”, disse ele na ocasião.

Esse discurso contra o STF também ecoa nos grupos de WhatsApp bolsonaristas. “Será de extrema importância se fazer bastantes faixas, cartazes, até para distribuir com o povo, pedindo a destituição ou troca de ministros do STF! Não variar pedidos, focar nesse objetivo”, diz uma das mensagens compartilhadas nos grupos.

Já em um áudio encaminhado com frequência, uma apoiadora orientou que não se use cartazes com palavras “democracia” e “liberdade”, pois isso seria usado pela imprensa internacional para atacar Bolsonaro como ditador. “Tem que escrever em outras línguas que nós somos Bolsonaro, fora esquerda, fora comunismo”, defendeu.

No ano passado, também houve uma intensa mobilização para protestos favoráveis ao presidente Bolsonaro no 7 de setembro. À época, ele fez uma convocação parecida, desrespeitando, inclusive, as orientações das autoridades de saúde, que não recomendavam aglomerações em plena pandemia. Ainda assim, caravanas saíram de Goiás e de outros locais rumo a Brasília.

Este ano há preocupação relacionada com a intensificação do período eleitoral e a clara polarização entre grupos favoráveis a Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que são, até agora, os que se apresentam com maior chance de vitória.

Metrópoles