Bolsonaro tenta barrar vídeo do PT

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Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

O time jurídico de Jair Bolsonaro entrou nesta segunda-feira (5) com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para remover um vídeo utilizado pela campanha de Lula que destaca a compra de uma série de imóveis – em dinheiro vivo – pela família do presidente.

Para a campanha de Bolsonaro, o vídeo emprega “discurso de ódio” com o “indisfarçado propósito” de “erodir” a candidatura do presidente à reeleição. A peça se tornou a principal aposta do PT para minar o discurso anticorrupção do adversário.

Conforme revelou o UOL, o clã Bolsonaro usou dinheiro vivo nas compras de 51 imóveis dos anos 1990 para cá. Embora não seja necessariamente um crime, o emprego de quantidades vultosas de dinheiro nesses negócios pode indicar lavagem de dinheiro, avaliam especialistas.

No vídeo, o PT chama o caso de “escândalo tamanho família”.

No último fim de semana, a campanha de Lula lançou um vídeo que diz: “Mansão de 20 mil metros quadrados no interior de São Paulo; mansão no Rio de Janeiro; mansão de 6 milhões em Brasília. Esses são apenas 3 dos 107 imóveis comprados pela família Bolsonaro desde sua entrada na política.”

“A investigação da imprensa revelou outro escândalo: 51 desses imóveis foram pagos em dinheiro vivo, no valor atualizado de 25 milhões. De onde vem tanto dinheiro vivo da família Bolsonaro? É um escândalo tamanho família”, finaliza o vídeo.

Para a campanha de Bolsonaro, a peça utiliza “mecanismos sofisticados de indução de pensamentos negativos”, degrada a “boa imagem” de Bolsonaro e tenta imputar a “sensação de que ele e seus filhos são agentes políticos desonestos”, “podendo produzir nefasto efeito multiplicador na rede mundial de computadores”.

“Achincalhou-se a imagem do presidente Jair Bolsonaro e de seus familiares, com intenção vil e rasteira, reproduzindo-se versão mentirosa de fatos gravemente retorcidos e descontextualizados”, diz a defesa do atual ocupante do Palácio do Planalto.

O time jurídico do PL, partido de Bolsonaro, acusa o vídeo de emplacar uma narrativa “leviana e vil” e pede ao TSE a imediata retirada do vídeo, além da proibição de sua retransmissão “por quaisquer meios de propaganda eleitoral”.

“A liberdade de expressão não pode e não deve servir de escudo jurídico para a prática de condutas ilícitas, como no caso concreto, ao imputar claramente crimes ao Presidente da República, verdadeiro ‘discurso de ódio'”, afirma a representação do PL, que destaca “discurso de ódio” em letras maiúsculas e negrito.

O caso está sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia, que já contrariou os interesses do Planalto e impôs um duro revés a Bolsonaro ao decidir manter no ar vídeos em que Lula chama o adversário de “genocida”.

Cármen faz parte da ala do TSE que avalia que o tribunal não deve se intrometer nas picuinhas da disputa eleitoral, devendo, portanto, evitar o papel de moderador onipresente do debate político.

Conforme informou O GLOBO, o TSE já decidiu remover ao menos 17 conteúdos irregulares nesta campanha, uma média de um a cada três dias.

O Globo