Eleitores de Alckmin se dividem entre Haddad e Garcia
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O eleitorado do interior de São Paulo é um dos estratos em que Fernando Haddad (PT) mais teria dificuldades em eventual disputa direta contra o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB). A pesquisa Datafolha divulgada no fim da semana passada mostra que, longe da capital paulista, há empate técnico (considerando a margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos) em uma simulação de segundo turno entre os dois candidatos. Garcia tem apoio de 44% nesse cenário, enquanto Haddad atinge 42%.
Os votos que hoje se dividem entre Garcia e Haddad vêm dos mesmos lugares onde Geraldo Alckmin (PSB), hoje vice da chapa de Lula (PT) e aliado de Haddad, obteve ampla maioria para ser eleito governador ainda no primeiro turno em 2014. Segundo pesquisa feita pelo Datafolha a três dias daquela eleição, a última disputada pelo ex-tucano no estado, Alckmin alcançava 55% das intenções de voto dos eleitores interioranos.
Alckmin é natural de Pindamonhangaba, cidade a 140 quilômetros da capital, e governou São Paulo por mais de uma década. Ele tem acompanhado Haddad em atos de campanha em diversas cidades, além de receber prefeitos em reuniões fechadas.
A popularidade do agora candidato a vice-presidente não é a mesma na região metropolitana de São Paulo. Em 2014, o percentual de moradores da capital que declaravam a intenção de votar em Alckmin era dez pontos abaixo da taxa observada no interior.
É na Grande São Paulo que Haddad tem melhor desempenho em uma disputa tendo só Garcia como adversário. O ex-prefeito de São Paulo tem 52% das intenções de voto na simulação de segundo turno contra o tucano, que marca 36%.
Para o professor de ciência política da Universidade de São Paulo (USP) José Álvaro Moisés, a migração de parte do antigo eleitorado de Alckmin no interior para Rodrigo Garcia mostra que não havia, necessariamente, identificação desses paulistas com o ex-governador tucano, mas com os valores conservadores que ele representava.
No recorte por idade, Haddad tem desempenho melhor que Alckmin entre os mais jovens. Venceria Garcia por 54% a 35% dos votos de eleitores de 16 a 24 anos se a eleição fosse hoje. O ex-governador era escolhido por 41% dos paulistas desse grupo etário na eleição de 2014.
Há equilíbrio na preferência dos eleitores das faixas intermediárias de idade por Haddad e Garcia, com exceção dos idosos. No grupo com mais de 60 anos, o ex-prefeito tem dez pontos percentuais de vantagem sobre o atual governador (49% a 39%). Há oito anos, Alckmin concentrava 62% dos votos dessa parcela da população.