Fux não sabe se vai ao 7 de setembro

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Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

A dois dias do tradicional desfile militar de 7 de Setembro em Brasília, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, ainda não decidiu se vai ou não ao evento promovido por Jair Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios.

A equipe da coluna apurou que Fux só vai decidir em cima da hora sobre sua eventual presença na parada militar, que tem sido usada pelo Palácio do Planalto como palanque da campanha à reeleição de Jair Bolsonaro.

Pesa contra a ida à parada militar a exposição midiática de Fux em jornais, sites e na TV ao lado de um candidato à reeleição a menos de um mês do primeiro turno de uma acirrada campanha eleitoral.

Também pegou mal no STF o fato de o chefe do Executivo ter chamado Alexandre de Moraes de “vagabundo” após a controversa decisão do ministro que autorizou uma operação contra empresários bolsonaristas que defendiam pelo WhatsApp um golpe militar em caso de derrota do presidente nas urnas.

Na véspera do 7 de Setembro, as relações do Supremo com o Planalto ficaram ainda mais estremecidas com as recentes decisões dos ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, que suspenderam o piso nacional da enfermagem e trechos de decretos de Bolsonaro que facilitaram a compra e o porte de armas, respectivamente.

Por outro lado, há quem no STF defenda que, na condição de chefe do Poder Judiciário, seja importante Fux cumprir seu papel institucional e marcar presença na parada militar, que neste ano também servirá para comemorar o bicentenário da independência da República.

Para tomar sua decisão, o presidente do Supremo levará em consideração a postura de Bolsonaro nos próximos dias, assim como a confirmação ou não da presença de chefes de outros poderes.

Em todo o caso, Fux passará o feriado em Brasília — ficará de plantão para, se for necessário, dar uma dura resposta a eventuais ataques contra a democracia na sessão prevista para quinta-feira (8).

A pedido do Supremo, o governo do DF decidiu proibir a entrada de caminhões na Esplanada e reforçar o esquema de segurança.

No ano passado, Fux passou a madrugada acordado e temeu a invasão do prédio do STF, conforme relatou ao GLOBO.

O ministro passa o bastão para Rosa Weber na próxima segunda-feira (12) — a cerimônia foi empurrada para a próxima semana para se descolar do 7 de Setembro.

A parada militar em Brasília foi cancelada em 2020 e 2021 por conta da pandemia do coronavírus.

Em 2019, no primeiro ano de mandato de Bolsonaro, o então presidente do Senado, Davi Alcolumbre, prestigiou a cerimônia, mas o ministro Dias Toffoli e o deputado Rodrigo Maia, que chefiavam o STF e a Câmara dos Deputados à época, não compareceram.

Fux sempre pregou a harmonia entre os poderes e criticou a judicialização da briga política.

Há dois anos, ao assumir a presidência do Supremo, o ministro pregou um tribunal “minimalista”, mas diante da inércia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e dos arroubos autoritários de Bolsonaro, o tribunal acabou se tornando a principal trincheira em defesa da democracia, dos direitos de minorias e do combate à pandemia com base em critérios científicos.

O Globo