Lavajatismo de candidato do Novo o mantém empacado

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Foto: Bruno Santos – 13.set.22/Folhapress

Candidato do Novo ao Palácio dos Bandeirantes, Vinicius Poit não cresce nas pesquisas de intenção de voto, e, para especialistas, o discurso antipolítica e anticorrupção que encampa pode ser um dos motivos.

Poit adotou como tática uma retórica antissistema, contra o uso de dinheiro público em campanha e os políticos atuais, que, segundo ele, escoram-se em benefícios parlamentares e na estrutura do governo.

Pesquisadores, porém, afirmam que a estratégia tem efeito limitado, tanto pelo uso da narrativa que se destacou em 2018 quanto pelo contexto da pauta anticorrupção no país após o fim da Lava Jato.

Questionada se o discurso antissistema e lavajatista era capaz de alavancar o candidato nas pesquisas, a campanha de Poit disse à Folha considerar a defesa de causas como a economia sustentável, a educação de alto nível e a qualidade de vida mais crucial para o futuro do país do que a conquista de votos.

Daniela Constanzo, pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), diz que a pauta anticorrupção, apesar de presente no debate público, foi perdendo espaço.

A cientista política avalia que desta vez não há muitos personagens importantes que se colocaram como “de fora da política”, como ocorreu em 2018, e que os outsiders de quatro anos atrás “envelheceram”.

Ela acrescentou que a chamada “velha política” voltou a ganhar força a partir de 2020 porque os novos políticos, eleitos na onda antissistema, tampouco conseguiram resolver os problemas e, pior, pareciam lidar pior com a política, o que fez as pessoas preferirem votar em figuras já conhecidas.

O Novo, segundo ela, recorre ao discurso lavajatista devido à confluência da retórica do partido de redução da máquina pública com a de que é necessário um Estado menor para reduzir a corrupção.

Para Constanzo, os principais candidatos, Fernando Haddad (PT), Rodrigo Garcia (PSDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), não abordam a operação devido à chance de o assunto se voltar contra eles —há, por exemplo, o cartel do Metrô como questão, o que poderia causar danos à campanha do tucano.

Já Rodrigo Gallo, professor da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), diz que o discurso antissistema ainda pode atrair eleitores, mesmo que em número menor do que em 2018. O cientista político argumenta que a fórmula se desgastou porque os postulantes que a utilizaram em pleitos passados não conseguiram mostrar na prática o quão diferentes diziam ser.

Para ele, a estratégia funciona melhor com o eleitor à direita, já que historicamente eles expressam mais insatisfação em relação às instituições, como o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso Nacional.

Gallo também destaca os desempenhos nas pesquisas de candidatos como Sergio Moro (União), em segundo lugar para o Senado pelo Paraná, e Luiz Felipe d’Avila (Novo), candidato à Presidência, com 1%.

Poit foi eleito deputado federal em 2018, com mais de 200 mil votos. Com uma plataforma liberal, convidou Xico Graziano, ex-chefe de gabinete de Fernando Henrique Cardoso na Presidência, fundador do PSDB e ex-apoiador de Jair Bolsonaro (PL), para coordenar sua campanha ao governo de São Paulo.

As principais propostas do candidato do Novo são a privatização de estatais, como a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), a ampliação de concessões e de parcerias público-privadas, e a redução do número de secretarias estaduais, de 27 para 15.

Na área de segurança, pretende integrar na parte operacional e de inteligência as guardas municipais à Polícia Militar e ainda manter o programa de câmeras acopladas às fardas de policiais.

O candidato está estagnado nas pesquisas. Segundo o mais recente Datafolha, tem 1%. Poit também não tem muito espaço na TV aberta. Com 20 segundos de propaganda obrigatória e 35 inserções por dia, ele está bem distante das 421 inserções e quatro minutos de propaganda eleitoral da campanha de Rodrigo.

Folha