Lula quer militância na rua contra Bolsonaro

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A menos de 20 dias para o primeiro turno, as campanhas, já sem muita verba, estão colocando em prática as últimas estratégias para conquistar corações e mentes. No caso da chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), o plano é convocar a militância para as ruas, numa reedição de tática que deu resultado no segundo turno de 2014, quando a petista Dilma Rousseff conseguiu ser reeleita ao vencer Aécio Neves (PSDB) em uma das disputas presidenciais mais apertadas da história brasileira.

Naquela campanha, apesar de comandar a máquina pública (uma vantagem que já havia sido aproveitada pelo tucano Fernando Henrique Cardoso e pelo próprio Lula em eleições anteriores), Dilma enfrentava as consequências de uma crise econômica e do desgaste de três gestões seguidas do PT na Presidência. Já o tucano surfava em um crescente antipetismo, encostava em Dilma nas pesquisas e tinha uma taxa de rejeição bem menor do que a dela (32% a 21%, segundo o Datafolha).

Ainda assim, Dilma foi reeleita com 51,64% dos votos, contra 48,36% de Aécio, numa vitória que petistas que participaram daquela campanha creditam, em parte, a um esforço final da militância nas ruas nos dias que antecederam o pleito.

Duas eleições (e um impeachment) depois, Lula disputa com uma distância mais confortável do principal adversário, segundo as principais pesquisas, mas sua campanha tenta reeditar a tomada das ruas num último esforço para virar votos, desincentivar a abstenção e tentar liquidar o pleito ainda no primeiro turno.

Profissionais ligados à campanha de Lula disseram à reportagem que a tática de pedir aos eleitores ajuda na divulgação do candidato também é consequência de um esgotamento dos recursos.

Com mais de R$ 52 milhões já gastos, segundo a prestação de contas, a campanha de Lula está ultrapassando 60% do teto permitido pela Justiça Eleitoral para o primeiro turno, que é de R$ 88,9 milhões. Apesar de mirar uma vitória já em 2 de outubro, a campanha quer manter os pés no chão e guardar verbas para o caso de um segundo turno.

Para conseguir animar a militância, o PT acionou contatos em centrais sindicais e em movimentos sociais, como o MST. E os aliados já estão respondendo. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), por exemplo, publicou em suas redes vídeo em que não cita Lula, mas critica Bolsonaro e chama seus filiados a se manifestar: “Agora é com vocês. Nas ruas, nas redes, nos corações”, diz o narrador da peça. Veja:

O mesmo movimento pode ser visto nas redes do MST, que intensificou a campanha pelos candidatos ligados ao movimento e, como consequência, por Lula.

Os integrantes da campanha sabem que o temor de violência política pode intimidar os petistas a fazerem campanha na rua, mas acreditam que ainda contam com uma militância “boa de chegada, que bota bandeira, pinta muro e não tem vergonha de pedir voto”, nas palavras de um dos técnicos da equipe.

Ataques de Bolsonaro

A estratégia do time de Lula para a reta final da campanha depende ainda do ânimo da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) para ampliar as críticas ao petista.

Na última semana, um programa inteiro do candidato à reeleição na propaganda eleitoral gratuita foi 100% dedicado a bater em Lula, dizer que ele não foi inocentado e relembrar os escândalos de corrupção dos governos do PT, como Mensalão e Petrolão.

O objetivo da campanha bolsonarista é ampliar a rejeição Lula e, desse modo, encurtar a distância entre os dois nas pesquisas às vésperas do primeiro turno. Se der certo, os petistas devem buscar antídotos – que incluem responder na mesma moeda e ampliar o tempo dedicado no programa político a bater em Bolsonaro.

Metrópoles