Pedetista, Santa Cruz prega voto em Lula

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Foto: Fabio Rossi

Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e vice do candidato Rodrigo Neves (PDT), Felipe Santa Cruz (PSD) prega o voto útil em Lula para derrotar Bolsonaro em 2 de outubro. Em entrevista, o advogado explica sua opção pessoal de não apoiar Ciro Gomes na disputa presidencial, faz sua análise da candidatura de Neves não ter crescido fora de Niterói, e avalia os outros vices.

Leia a entrevista.

Há algum constrangimento em o senhor apoiar o ex-presidente Lula compondo uma chapa com o PDT, que tem Ciro Gomes como candidato à Presidência?

Votei no Lula em todas as eleições da minha vida em que ele foi candidato, e não há nenhum tipo de indisciplina da minha parte na medida em que o PSD, que é o meu partido, liberou seus filiados a apoiarem quem quiserem. Acredito que o melhor para o Brasil é a eleição no primeiro turno do Lula e o fim do bolsonarismo, que fez muito mal para o Brasil, em especial para o Rio de Janeiro. Me dói muito quando dizem que o bolsonarismo é um fenômeno do Rio de Janeiro. O Rio não é bolsonarista, é um lugar de amor, fraternidade e solidariedade. Não é possível que a gente tenha virado a terra do ódio.

Então o senhor defende o voto útil do eleitor do Ciro no Lula?

Sou um defensor do voto útil. Com todo o respeito ao Ciro, votei nele no primeiro turno de 2018, mas acho que a eleição presidencial tem que acabar na segunda-feira pelo bem do Brasil.

O senhor acha que ele deve abrir mão da candidatura?

Um grande passo dele para o país seria desistir dessa candidatura. Ninguém é maior do que o Brasil. Ciro é um grande quadro, mas o Brasil está diante de uma encruzilhada histórica. Meu conselho para o Ciro seria: “seja o maior eleitor da República, seja o voto decisivo em Luiz Inácio Lula da Silva”.

E como o senhor avalia a decisão do Lula de apoiar exclusivamente a candidatura de Marcelo Freixo?

Acho que foi um erro. O Lula é maior do que o Freixo e é maior do que todos nós no Rio de Janeiro. Todos nós que gostaríamos de apoiar o Lula teríamos que ter espaço nessa frente.

O senhor abdicou da candidatura própria para compor uma chapa que desde o início da campanha aparece em terceiro lugar nas pesquisas. Por que não tentar uma vaga como deputado estadual?

Eu faço parte de um partido que optou por essa aliança com o PDT e continuo acreditando que nós temos chances de crescer nessa reta final. A gente sabe que por conta dessa paixão Lula e Bolsonaro há pouco espaço para reflexão sobre o voto do Rio de Janeiro, quase 60% dos eleitores do estado na pesquisa espontânea respondem que não têm candidato. Então sigo com esperanças. Sei que é difícil, mas se a gente chegar no segundo turno aí é uma nova eleição.

Por que Rodrigo Neves não consegue crescer fora de Niterói?

Acho que está muito difícil atrair a atenção para a eleição estadual.

Como o senhor avalia os outros dois vices? O Cesar Maia afirmou que o senhor seria “um grande candidato se fosse um concurso público”.

Então vou responder que o Cesar é um grande quadro também, mas é um quadro do passado. O Thiago Pampolha não conheço o suficiente. A crítica que eu teria é exatamente o desconhecimento.

O Rio é um estado com histórico de vices que assumem o governo. O senhor está preparado caso precise assumir?

A vida prepara a gente para as tarefas, mas a certeza que eu tenho de que o Rodrigo será um grande governador me impede de responder essa pergunta.

Neves chegou a ser preso em 2018 por suspeita de corrupção no sistema de transportes de Niterói. O processo depois foi extinto, mas há algum constrangimento em compor chapa com um político com esse histórico?

O próprio Ministério Público reconheceu que a acusação não se sustentava. Rodrigo não deve nada à Justiça. Usar forças policiais e sistema de Justiça para perseguir adversário político, que foi o que aconteceu com Rodrigo, além de ser crime, ameaça à democracia.

O Globo