Alckmin diz que o problema não é mais o MST
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que “o MST [Movimento dos Sem Terra] mudou” e que há “espaço para todo mundo”.
O ex-tucano foi questionado pela plateia sobre qual será a “política de invasão de terra” em um eventual governo petista durante um encontro com empresários, banqueiros e advogados na noite de domingo (23), na região dos Jardins, em São Paulo.
Em resposta, Alckmin afirmou também que “as pessoas têm uma visão equivocada do MST” e que o “grande perigo” para o agronegócio é o “governo do bozo”, em referência a Jair Bolsonaro (PL), arrancando risos e aplausos da plateia.
E seguiu: “A União Europeia já aprovou. Onde tem desmatamento não pode importar. É o Lula que vai reinserir o Brasil na economia mundial, que vai fazer acordos internacionais, preservar o meio ambiente, combater a questão do clima”.
Alckmin ainda disse aos convidados que vai haver espaço “para o pequeno, para a cooperativa” e para o “grandão crescer também”.
O candidato a vice de Lula discursou no evento ao lado do candidato do PT ao Governo de São Paulo, Fernando Haddad, e de sua vice, Lúcia França, e das deputadas federais eleitas Marina Silva (Rede-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP). O economista Gabriel Galípolo, ex-presidente do Banco Fator, fez a mediação. Após falas de abertura, os convidados fizeram perguntas aos políticos.
Como mostrou a Folha, executivos, CEOs e advogados têm promovido uma série de encontros semanais como o deste domingo para aproximar a chapa Lula-Alckmin do empresariado, do mercado financeiro e de representantes que tradicionalmente têm resistência a votar no PT.
Em seu discurso de abertura, Haddad procurou um tom conciliador. “É uma coisa até inusitada, mas hoje eu estava fazendo carreata, no Jardim Ângela [zona sul da capital paulista], com [o líder sem-teto e deputado federal eleito Guilherme] Boulos e com Alckmin no [mesmo] carro”, afirmou, também desencadeando risada entre os presentes.
“A gente tem diferenças que vale a pena explorar num debate eleitoral. Mas não é isso o que está em jogo hoje, se você é trabalhista, um social-democrata ou socialista. Estamos tratando de outra coisa, se vamos respirar ou não”, seguiu o ex-prefeito de São Paulo.
Entre os convidados, o ex-senador José Anibal (PSDB) comentou a prisão de Roberto Jefferson (PSB) no domingo, após confronto com a Polícia Federal.
“Acho que [o episódio] confirma as piores previsões, que essa gente não tem limites. O Bolsonaro está tentando se afastar, diz qualquer coisa, [como] ‘nunca tirei foto com ele’. E lá está a foto deles. E, por outro lado, você tem um bolsonarismo enlouquecido que vibra com isso”, afirmou.
“Essa gente é muito perigosa. Não pode descuidar em nenhum momento porque eles não param de reproduzir fake news”, disse ainda.
Já Tabata Amaral disse que o ocorrido reflete “o que é o bolsonarismo —a lei, a violência e o machismo não importam”. Ela criticou ainda a ideia de que o candidato do presidente ao Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio de Freitas (Republicanos), será “mais moderado que Bolsonaro”.
“Não adianta achar isso. Ele está se elegendo com essas pessoas, com base nisso”, prosseguiu ela.
O evento de domingo foi articulado pelos advogados Paulo Pereira e Maís Moreno.
Entre os presentes estavam o ex-secretário municipal de Transportes Sérgio Avelleda, a presidente do Standard Bank Brasil, Natalia Dias, o advogado Sergio Leitão, diretor-executivo do Instituto Escolhas, o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Lafer e a mulher, Meire Lafer, e o advogado Pierpaolo Cruz Bottini.
Ainda passaram por lá o coordenador do fórum Direitos Já!, Fernando Guimarães, e a advogada Flávia Piovesan, ex-vice-presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
O grupo de mobilização desses eventos é difuso, suprapartidário e tem vários subgrupos, que se ligam pelas pautas progressistas em comum. Os integrantes ajudaram a promover, por exemplo, o jantar com a ex-presidenciável Simone Tebet (MDB) na residência do casal Teresa e Candido Bracher, ligados ao Itaú, na segunda-feira (17).
Assim como no evento com a senadora, os interessados foram convidados a gravar um vídeo em apoio às candidaturas petistas em uma sala reservada com uma equipe de cinegrafistas.