Bolsonaristas aceitarão pesquisas se derem Bolsonaro na frente

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Foto: Rodrigo Zaim/Especial para o Metrópoles

Esperto, o ministro Fabio Farias, das Comunicações, genro do apresentador Silvio Santos, e futuro empregado de Elon Musk, o homem mais rico do mundo. Hoje, será publicada a primeira pesquisa do Ipec, ex-Ibope, sobre o segundo turno das eleições.

Com receio de que ela mostre Lula mais à frente de Bolsonaro do que apontaram os números do primeiro turno, Farias escreveu nas redes sociais que pesquisas não merecem confiança. Portanto, bolsonarista não deve responder a questionários de pesquisas:

“Deixem dar Lula 100% a zero.”

Mas, e se as pesquisas começarem a mostrar que Bolsonaro pode se reeleger? Farias parece não acreditar nisso, pelo menos não agora. Se, mais tarde, o avanço de Bolsonaro se confirmar, aí, sim, ele orientará os bolsonaristas a voltarem a acreditar nas pesquisas.

Eis um bom exemplo do negacionismo, marca registrada do bolsonarismo: a realidade deve ser ignorada, a não ser que ela se ajuste ao que queremos ver. Ou ao discurso do Duce (na Itália do fascismo), do Führer (na Alemanha nazista), do Mito (aqui).

“O Estado sou eu”, disse Luiz XIV, chamado de Rei Sol na França do século XVII. Disse Mussolini, no auge do poder: “Tudo no Estado, nada contra o Estado e nada fora do Estado”. A Itália, à época, era “uma nação de prisioneiros condenados ao entusiasmo”.

É como deverá ser o Brasil se Bolsonaro se reeleger e imprimir velocidade à construção de um regime autoritário. Os ditadores de antigamente impunham sua vontade pela força das armas. “Todo poder nasce da ponta do cano do fuzil”, disse Mao Tsé-Tung.

Na China, hoje, o pensamento único se impõe por outros meios, sendo o principal a prosperidade econômica. É sobre o pensamento único o que disse Farias, na prática reescrevendo João 8:32: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

A verdade que Bolsonaro e seus discípulos querem que seja conhecida é a deles, apenas a deles, nada mais do que a deles. A verdade dos outros é tratada como mentira. Golpe na era moderna dispensa fuzis, mas passa pelo desmonte do Estado Democrático.

Quando Bolsonaro promete que, uma vez reeleito, fará os tribunais jogarem “dentro das quatro linhas da Constituição”, não é a Constituição em vigor, mas outra, que ele quer implantar. Que lhe permita controlar a Justiça para que sua vontade prevaleça.

O mais assustador é que, para 51 milhões de pessoas que votaram em Bolsonaro no último domingo, tudo o que ele fez, deixou de fazer, ou diz que fará é o certo, o melhor para o Brasil. Ainda dá tempo para abortar o que há quatro anos era inconcebível.

Metrópoles