Cármen Lúcia já é ministra do STF mais atacada

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Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Alvo de ataques misóginos do ex-deputado Roberto Jefferson na semana passada, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia somou o maior número de menções no Facebook, Twitter e YouTube, nos últimos sete dias, entre os magistrados da Corte e da Justiça Eleitoral. Dados levantados pelos pesquisadores Ana Júlia Bernardi e Alexsander Chiodi, do Núcleo de Pesquisa sobre a América Latina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), revelam que a ministra foi citada 32,4 mil vezes nas plataformas, principalmente no Twitter.

O número é três vezes maior que as referências a Alexandre de Moraes (10,5 mil) e mais de quatro vezes as citações a Luís Roberto Barroso (7,1 mil), membros do tribunal que aparecem em seguida no ranking. Uma análise a partir de uma amostra das postagens sobre os magistrados indicou se tratarem de menções majoritariamente negativas, com ataques diretos.

É a primeira vez que Carmén Lúcia apareceu no monitoramento periódico feito pelos pesquisadores com um volume alto de citações. Normalmente, Moraes e Barroso, além de Edson Fachin, são os principais alvos de bolsonaristas nas redes. Chama atenção o fato de os ataques direcionados a Cármen Lúcia, diferentemente do observado com os ministros homens, incluírem conteúdos com conotação sexual, impulsionados por Jefferson.

— O bolsonarismo já tinha o hábito de relacionar Cármen Lúcia a bruxa, que já é uma forma misógina de se dirigir a uma mulher mais velha, por exemplo, pelos cabelos brancos, mas essa conotação sexual acabou sendo puxada pela fala de Roberto Jefferson — explica Ana Júlia Bernardi.

Antes de ter sua prisão decretada por Moraes por desobedecer medidas cautelares impostas após passar a ficar detido em casa, em janeiro, Jefferson comparou a ministra a uma prostituta por seu posicionamento em decisões que puniram a rádio Jovem Pan por não dispensar tratamento isonômico aos candidatos a presidente. Nesta terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que o Twitter remova o vídeo com as declarações publicado pela filha de Roberto Jefferson, Cristiane Brasil.

O Globo