Deputados europeus chegam para fiscalizar eleição brasileira

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Foto: Janaína Figueiredo

Representando cerca de 300 membros socialistas, verdes, de esquerda e independentes do Parlamento europeu, sete eurodeputados chegaram nesta sexta-feira a São Paulo para acompanhar o segundo turno das eleições brasileiras porque, em palavras da socialista portuguesa Isabel Santos, “o Brasil é a quarta democracia do mundo e o que acontecer no Brasil terá impacto global”.

Antes do primeiro turno, um grupo de mais de 50 eurodeputados enviou uma carta a Ursula von der Leyb, presidente da Comissão Europeia, e a Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, pedindo apoio às instituições e organizações da sociedade civil brasileira e alertando sobre o risco de violência no país. Faltando dois dias para o segundo turno, os representantes do Parlamento europeu reiteraram seus temores e lembraram que a União Europeia (UE) “tem ferramentas que poderiam ser acionadas em caso de ser necessário atuar em defesa da democracia brasileira”.

— Viemos apoiar a democracia, esse é o grande acordo. O governo Bolsonaro inaugurou uma internacional reacionária na América Latina e sua eventual derrota seria a eventual derrota desse movimento — afirma o espanhol Miguel Urbán, do Anticapitalistas.

O eurodeputado reconhece que “não será um caminho simples, e que uma eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria apenas o começo de um processo de recuperação institucional do Brasil”.

— O mundo está de olho no Brasil, e teme-se que possa haver violência. Nossa presença pode ajudar a evitar essa violência — frisa Urban.

Na visão da francesa Leila Chaibi, “esta é uma missão de solidariedade com o povo brasileiro”.

— Os brasileiros deverão decidir entre um caminho autoritário ou a democracia. Temos o mesmo problema na Europa, na Itália, na França. O que acontecer aqui pode ajudar os democratas a mostrar que o mundo não está indo na direção do autoritarismo, racismo, ódio — afirma a eurodeputada.

Sua colega Michele Rivasi, também francesa, aponta que “é muito importante que estejamos aqui, porque queremos dizer aos brasileiros que estamos com eles”.

A espanhola Ana Miranda lembrou que atualmente vários projetos de cooperação com o Brasil estão engavetados no Parlamento europeu, por divergências com o governo Bolsonaro:

— A UE parou projetos com povos indígenas e sobre direitos humanos, entre outros, pelos problemas com a democracia no Brasil.

Sem a presença de uma missão de observadores da UE, como cogitou-se em algum momento — e foi vetado pelo governo — a delegação dos eurodeputados é, junto às embaixadas europeias em Brasília, a representação de uma UE preocupada com a evolução dos acontecimentos no país.

No primeiro semestre, se discutiu entre o Itamaraty e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a possibilidade de convidar uma missão de observadores da UE, mas a ideia, defendida na época pelo TSE, não prosperou. Em nota oficial, o Itamaraty informou que “no que toca a eventual convite para missão da União Europeia, o Ministério das Relações Exteriores recorda não ser da tradição do Brasil ser avaliado por organização internacional da qual não faz parte. Note-se que a União Europeia, ao contrário da OEA e da OSCE, por exemplo, não envia missões eleitorais a seus próprios estados membros”.