Haddad adota o didatismo na reta final

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Foto: Alex Silva/Estadão

O dia era 18 de agosto. Na sabatina organizada pelo Estadão e FAAP, Fernando Haddad demonstrava irritação com jornalistas. Dias antes, havia mostrado a mesma irritação contra Tarcísio de Freitas. Na época, o candidato petista era líder das pesquisas e vislumbrava chances reais de vencer a eleição para o governo de São Paulo. Na noite de 14 de outubro, quase dois meses depois, Haddad voltou a ser sabatinado por jornalistas. Deveria ser um debate com Tarcísio, agora seu adversário no segundo turno e que desistiu de participar do encontro no SBT, também organizado com o Estadão.

A campanha promete se intensificar e o petista deve se tornar o alvo dos principais concorrentes, sem trégua; confira análise sobre a participação de Fernando Haddad na sabatina ‘Estadão’/FAAP

Sozinho na bancada do estúdio de TV, Haddad consolidou o que parece ser uma estratégia: está calmo, respondeu – pausadamente – a todas as perguntas, foi didático e seguro nas explicações. Goste-se ou não de suas ideias.

Fez mais: mencionou um pacto com dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, para combater a miséria e acenou ao mesmo tempo (é possível?) ao agronegócio e aos movimentos sociais – manterá a propriedade de terras produtivas, mas mencionou que pode fazer reforma agrária em terras que não cumpram função social. Ao criticar a proposta de privatização da Sabesp, plano do seu adversário, disse que ela só agrada a Faria Lima, região que concentra as principais firmas de investimento do País.

Haddad havia mostrado o mesmo autocontrole, a mesma calma e didatismo no debate do início da semana, quando duelou – e venceu – o candidato do Republicanos. É uma estratégia que pode fazê-lo virar o jogo e vencer. Líder em todas as pesquisas de intenção de voto, Haddad terminou o primeiro turno em segundo lugar. Teve 8,3 milhões de votos e marcou 35,7% dos votos. Tarcísio teve 9,8 milhões (ou 42,3%).

A nova estratégia paz e amor será colocada à prova nas próximas duas semanas, as últimas antes do domingo de votação em segundo turno. E Haddad, que antes lutava para se livrar da síndrome de George Foreman, parece ter se renovado na pele de uma espécie de Muhammad Ali. Em 1974, ambos se enfrentaram pelo título de maior lutador de todos os tempos. Foreman era o favorito durante todo o período de treinamento. No fim, foi Muhammad Ali quem venceu no Zaire. Haddad vai fazer o mesmo?

Estadão