Lula entra onde Bolsonaro não vai

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Foto: Reprodução/PT

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de um cortejo pelo Morro do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, na manhã desta quarta-feira. Ladeado pelo prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD) e sua esposa Janja, o petista faz sua primeira agenda numa favela carioca nesta campanha. Lula vai atravessar a principal via que corta o complexo do Alemão. Acompanhando o petista na caçamba da caminhonete estão também Marcelo Freixo (PSB) e Rodrigo Neves (PDT).

Uma multidão de vermelho e branco (cor agora incorporada para os atos de campanha) acompanha a caminhada. Além de acenar para os moradores da comunidade, Lula faz paradas no cortejo para pegar crianças no colo, empunhar bandeiras de apoiadores e tirar fotos. No meio do trajeto, o petista pegou o microfone e relembrou realizações de seu governo alfinetando o presidente Jair Bolsonaro (PL).

— Nós estamos passando numa área em que tem muita obra do Pac de quando eu era presidente. É importante alguém achar uma casa verde amarela do Bozo (em referência a Bolsonaro) e me avisar — disse o candidato, se referindo ao nome do programa de habitação do atual presidente. — A única casa que ele fez foi aqueles 51 imóveis que comprou pra família a vista.

Ainda em seu mandato, o petista esteve na comunidade para iniciar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Uma das construções foi o icônico teleférico, atualmente abandonado e sem uso.

A agenda no Alemão foi articulada pelo ativista e líder comunitário Renê Silva. Antes da caminhada, Lula se reuniu com lideranças do projeto Voz das Comunidades. O ex-presidente venceu o primeiro turno nas seções eleitorais da região, com 54% dos votos, contra 38,8% de Jair Bolsonaro (PL).

— Temos que acabar com essa história de que o Estado só aparece na comunidade com a polícia. Antes de vir a polícia, tem que vir a saúde, a cultura, a educação — disse aos presentes.

Em 2008, foram anunciados investimentos de cerca de R$ 1,4 bilhão em recursos da União, estado e município para obras do PAC no Alemão. Algumas deram uma nova cara à região, marcada pela carência de infraestrutura e o domínio do tráfico de drogas, enquanto outras só estão sendo retomadas agora, depois de anos de abandono, pelo governo do Estado do Rio. Além da reabilitação do teleférico, estão em curso um conjunto habitacional e a retomada da construção de uma unidade da Faetec. Ainda não saíram do papel projetos como o Centro Integrado de Atenção à Saúde (CIAS).

Nesta terça-feira, Lula já estava no Rio, em ato de campanha da Baixada Fluminense. O petista estava acompanhado de seus principais cabos eleitorais na região, o prefeito de Belford Roxo e presidente estadual do União Brasil, Waguinho, e a deputada federal eleita com mais votos no estado, Daniela do Waguinho. No primeiro turno, Lula sofreu uma derrota expressiva em todas cidades da região.

O ex-presidente disparou ataques contra Bolsonaro, citando suspeitas de corrupção em torno do atual chefe do executivo, além de acusar a campanha do adversário de tentar instrumentalizar evangélicos para ganhar as eleições.

Lula participou de uma carreata pelo Centro de Belford Roxo num percurso de um quilômetro e meio até o ginásio onde ocorreu o comício. Nas ruas, o ato seguiu esvaziado, apesar da tropa de cabos eleitorais e apoiadores de Waguinho. Já no ginásio, o público lotou o espaço empunhando bandeiras com rostos de Lula colado com o prefeito da cidade.

O Globo