Lula manda super força-tarefa para MG

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Foto: Ricardo Stuckert

Sem novas visitas a Minas Gerais na última semana de campanha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou três aliados para um último esforço em busca de votos no segundo maior colégio eleitoral do país. O candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), a senadora Simone Tebet (MDB) e o deputado federal eleito por São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) terão agendas individuais no estado.

O petista venceu no estado com 48% dos votos no primeiro turno, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve 43%. Enquanto o atual chefe do Palácio do Planalto trabalha com a ajuda do governador reeleito Romeu Zema (Novo) para virar votos petistas, Lula tenta manter a vantagem que teve na primeira fase da disputa. O estado é considerado um dos mais sensíveis para a campanha, tendo em vista a liderança de Bolsonaro nos outros estados do Sudeste.

Nesta terça, Alckmin vai a Alfenas, no sul do estado, para falar com representantes do agro, de cooperativas e empreendedores. À tarde, estará em Lavras, onde compromisso com a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Lavras (UFLA), visitará o Parque Científico e Tecnológico e terá um um encontro com lideranças regionais, entre as quais políticos e comerciantes.

Também nesta terça, Boulos vai a Uberlândia e conversar com estudantes da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O objetivo é mobilizar a militância a incentivar o voto de jovens que tiraram o título, mas não votaram no primeiro turno.

Na quinta, Tebet irá mirar em mulheres, empreendedores e lideranças de partido de centro em Divinópolis, centro-oeste do estado. O roteiro da senadora também inclui Sete Lagoas, na Região Metropolitana e Belo Horizonte.

A preocupação do PT no estado é quanto a alta abstenção em regiões onde Lula teve boa votação. É o caso do nordeste mineiro. No município de Jequitinhonha, por exemplo, a abstenção foi de 31%, Lula venceu com 75% dos votos enquanto Bolsonaro teve 20%. Mais atento a esses dados no segundo turno, a campanha trabalha para incentivar o voto, melhorar a comunicação quanto a importância de ir à urna e também articula com câmaras municipais e comarcas eleitorais para garantir transporte via prefeituras em municípios com alta abstenção.

Aliados de Lula apostam que a pressão de Zema em favor de Bolsonaro junto a prefeitos poderá ter efeito reverso — especialmente pela mudança de tom do governador em relação a sua posição de neutralidade no primeiro turno.

As ofensivas de Zema também encontram no senador Alexandre Silveira (PSD-MG), aliado de Lula, um obstáculo direto para virar votos. Isso porque o governador acionou a Associação Mineiras de Municípios (AMM) para ampliar seu diálogo com os prefeitos. No entanto, o presidente do grupo, Marcos Vinicius da Silva Bizarro, prefeito de Coronel Feliciano, é próximo de Alexandre Silveira e apoiou a candidatura do senador à reeleição.

Diante desse cenário, a avaliação da equipe petista é que os esforços do chefe do Palácio Tiradentes para converter os votos dos eleitores de Lula para o atual presidente ainda não surtiu efeito. De acordo com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que concorreu como candidato do ex-presidente ao governo de Minas, o petista mantém uma distância de 5 pontos percentuais em relação ao adversário nas pesquisas no estado.

Outro ponto que dificulta o poder de influência de Zema entre os prefeitos mineiros é a relação que o governador tem com eles. Ao longo de seu mandato, o governador criou o hábito de não comparecer aos locais combinados quando marcava agendas nas cidades — ele seguia para um outro ponto do município para encontrar com eleitores, enquanto prefeitos, vereadores e demais políticos da região iam para onde havia sido acordado inicialmente. Esse desencontro intencional tinha como objetivo manter a imagem de Zema como um “político diferente”, segundo interlocutores do governador, mas causava um desconforto entre os demais agentes políticos.

O Globo