Rejeição entre mulheres inviabiliza Bolsonaro

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Foto: Caio Ayres/Equipe de arte do Metrópoles

Na tentativa de reverter sua rejeição perante o eleitorado feminino, o presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), escalou um time de mulheres para percorrer o país em campanha. A atuação do grupo se intensificou nas últimas duas semanas, com a largada do segundo turno.

Foi instituído um comitê intitulado “Mulheres com Bolsonaro”, que visa mobilizar o eleitorado feminino em todo o país. A equipe é liderada pela primeira-dama Michelle Bolsonaro e pela ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves, que se elegeu senadora em 2 de outubro. Também conduz a frente a vice-governadora eleita do Distrito Federal, Celina Leão (PP).

As capitãs do time percorreram, nos últimos dias, um roteiro de viagens sem a presença do presidente. As primeiras agendas foram em estados do Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e Nordeste (Piauí, Maranhão e Ceará). Elas devem passar por todas as regiões do país até o fim do segundo turno.

Compõem ainda o grupo parlamentares e ministras, além de esposas e ex-esposas de autoridades do cerco bolsonarista.

Entre as parlamentares que têm sido frequentes nas agendas de campanha, estão figuras já tarimbadas do bolsonarismo, como as deputadas federais reeleitas Bia Kicis (PL-DF), Carla Zambelli (PL-SP) e Soraya Santos (PL-RJ).

Atuando no flanco nordestino, a também deputada Iracema Portella (PP-PI) tem tentado ajudar a atenuar a imagem do mandatário e ampliar a margem de votos na Região Nordeste. Ela é ex-esposa do ministro da Casa Civil Ciro Nogueira.

Portella foi candidata a vice-governadora do Piauí, mas sua chapa sequer foi para o segundo turno — a disputa foi resolvida em primeiro turno, com eleição do petista Rafael Fonteles.

Outro nome que tem aparecido é Silvia Waiãpi (PL-AP), primeira indígena a se tornar oficial do Exército e deputada federal eleita. Acusada pelo Ministério Público de usar o fundo eleitoral para fazer harmonização facial no curso do pleito deste ano, ela passou a coordenar a campanha de Bolsonaro no Amapá.

A sucessora de Damares no Ministério da Mulher, Cristiane Britto, também tem atuado. De perfil mais discreto, ela ajuda a divulgar ações do governo em prol das mulheres.

A senadora eleita Tereza Cristina (PP-MS), frequentemente elogiada por Bolsonaro por seu trabalho à frente do Ministério da Agricultura, é outra que costuma aparecer ao lado do presidente.

Dezenas das integrantes do grupo “Mulheres com Bolsonaro” estiveram com o chefe do Executivo nacional no Palácio da Alvorada assim que finalizou o primeiro turno. Em uma agenda concorrida, que contou com a presença do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), Bolsonaro fez questão de dividir o espaço com o comitê feminino, que esteve em peso na coletiva de imprensa realizada após o encontro.

Nomes de fora do meio político, como Heloísa Bolsonaro, esposa do deputado federal Eduardo Bolsonaro, têm atuado no meio digital. Autointitulada “Bolsonora” na biografia do Instagram, Heloísa é uma das principais responsáveis pela propaganda para venda de camisetas e acessórios ligados ao mandatário da República.

Com Bolsonaro voltando a centrar fogo na pauta de costumes, a agenda conservadora retornou ao núcleo do debate político. O grupo de mulheres tem usado a maternidade como motor propulsor e divulgado a ideia de que o PT seria contra a família tradicional e favorável a pautas como o aborto e a legalização das drogas.

Um importante reforço que Bolsonaro ganhou recentemente foi a influenciadora Bella Falconi, musa fitness que possui mais de 4 milhões de seguidores no Instagram. Alegando ter perdido dinheiro e patrocínios com a militância política, Bella intensificou sua participação na campanha pela reeleição de Bolsonaro.

Evangélica, ela tem feito uma série de postagens e gravado vídeos pró-Bolsonaro e anti-PT. Também abre caixas de pergunta, nas quais tenta convencer indecisos e virar votos, e realiza lives com expoentes do bolsonarismo.

Metrópoles