Tracking aponta que caso das meninas venezuelanas fez Bolsonaro cair

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Foto: Evaristo Sa/AFP

Desde que a pesquisa Ipec saiu nesta segunda-feira, sem alterações drásticas nas intenções de voto, tem circulado nas redes sociais a ideia de que Jair Bolsonaro (PL) estaria imune a escândalos. O fenômeno, batizado de ‘efeito Teflon’ no meio político, sugere que nenhum fato de repercussão negativa seria capaz de aderir ao candidato, tamanho prestígio que ele mantém junto ao eleitorado. Dizia-se o mesmo em relação a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao final de seus dois mandatos como presidente.

A sondagem, divulgada na segunda-feira, trouxe oscilações dentro da margem de erro com presidente crescendo de 42% para 43%, enquanto seu adversário caiu um ponto percentual, indo de 51% para 50% das intenções de voto. O campo da pesquisa ocorreu ao mesmo tempo em que a campanha do atual mandatário atravessa um momento delicado, em que se vê obrigado a lidar com declarações desastrosas envolvendo jovens venezuelanas.

Em duas entrevistas, o presidente narrou uma história estranha, em que diz que entrou em um local onde ocorreria exploração sexual infantil. Os fatos revelam, porém, que tratava-se de um projeto social de Brasília. Em suas falas, Bolsonaro chegou a classificar as meninas como prostitutas e, numa delas, disse que “pintou um clima” ao passar pela porta do local. A declaração foi explorada pela campanha petista nas redes sociais como um caso de pedofilia.

O resultado da pesquisa Ipec sugere que nada disso foi suficiente para afetar o comportamento do eleitorado em relação à candidatura do presidente. A rejeição de Bolsonaro, por exemplo, oscilou ligeiramente no sentido contrário, caindo de 48% para 46%.

O levantamento, contudo, aponta para a direção oposta da observada por um dos trackings – pesquisa que não pode ser publicada porque não ser registrada no TSE – mais utilizados pelo mercado financeiro para acompanhar o movimento do eleitorado diariamente. Os números demonstravam, ao longo da semana, que Bolsonaro estava encostando em Lula nas intenções de voto. O caso reverteu completamente a curva. A diferença que chegou a ser de 4% voltou para o patamar de 10% e atualmente está nos 7% observados pelo Ipec.

Não à toa, Bolsonaro fez uma live, a uma hora da manhã de domingo, para reverter o quadro e, nesta terça-feira, numa atitude raríssima, gravou um vídeo em que pede perdão às jovens. O episódio praticamente obrigou o presidente a tomar medidas preventivas em cascata: primeiro, precisou dizer, durante o debate da Band, que não é pedófilo. Em seguida, passou a se justificar pelo fato de não ter tomado uma atitude ao entrar em contato com um caso que julgava ser de exploração sexual de menores, escalando a ex-ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, e a esposa Michele para se encontrarem com a direção do projeto social. Por fim, pediu perdão.

Nessas, perdeu cinco dias de campanha se justificando. O caso das venezuelanas é o maior acontecimento político do segundo turno. Bolsonaro e Lula sabem disso. Um fará de tudo para que ele seja enterrado. O outro não poupará esforços para que ele sobreviva até o dia 30.

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