Bolsonaristas dizem “não aceitar” o novo governo

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Foto: Davi Medeiros/Estadão

O pronunciamento feito pelo presidente Jair Bolsonaro na terça-feira, 1, não foi entendido pelos manifestantes como um sinal para cessar os bloqueios, afirma Kelly Chavier, de 36 anos. Ela está na Rodovia Castello Branco, em São Paulo, acompanhada de duas crianças, desde ontem às 22 horas e diz que sua atitude não vai contra a orientação do chefe do Executivo, que pediu que as manifestações fossem pacíficas. “Considero que nossa manifestação é pacífica porque ambulâncias estão sendo liberadas para passar”, afirma.

A circulação está parcialmente interditada na altura do km 26 da via. Bolsonaristas seguram bandeiras do Brasil e gritam palavras de ordem. Questionada sobre o que é necessário ser feito para que as manifestações cessem, Kelly afirma: “Não aceitamos o novo presidente. Nada vai nos parar enquanto não formos ouvidos”. Ela não respondeu se a solução, em sua opinião, é convocar novas eleições.

Kelly relata, ainda, que os policiais presentes no local agem “respeitosamente” com os manifestantes.

“Ele (o presidente) falou para cumprir a Constituição. Só que a Constituição diz um monte de coisa”, dizia um homem com a bandeira do Brasil que conversava com outros apoiadores de Bolsonaro próximos à via.

Um homem de 46 anos que não quis se identificar fica em frente à barraca “apoio marmita”, no acostamento do km 26 da Castello Branco, distribuindo refeições aos manifestantes.

Segundo ele, toda a comida disponível foi doada por apoiadores dos atos. Tem café, água, sanduíches de mortadela e “marmitas”. Para ir ao banheiro, ele disse, servem as “árvores” próximas à via.

Com a via parcialmente interditada, uma pista está liberada para circulação na Castello Branco. Alguns caminhoneiros expressam apoio à manifestação buzinando quando passam próximos aos bolsonaristas. Estes, por sua vez, balançam a bandeira do Brasil e gritam palavras de ordem, como o trecho do Hino da Independência que diz “ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil”. Um carro com caixa de som reproduz o hino no acostamento.

Estadão